quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


A verdade e o poder

Eduardo Mattos Cardoso*

            Fazer uma reflexão sobre verdade não é tarefa fácil, pois está revestida com toda a roupagem significativa do bem e do justo. Aquilo que é verdadeiro parece que eticamente não se questiona. No seu lado sombrio parece se alojar o poder que carrega o estigma do mal. Ele aparece como responsável último por quase todos os vícios e paixões humanos que vão desde a ambição até a opressão, passando pela inveja, o ódio etc.
Estes modelos conceituais da verdade e do poder parecem consolidados como verdades naturais. Porém, eles são símbolos culturais que instituímos para nossas práticas. Verdade e poder parecem dois conceitos irreconciliáveis, porém nada mais são do que dois símbolos inseparáveis.
Num primeiro momento temos que despojar a verdade de suas vestes de inocência, pois toda a verdade – seja ela qual for – produz efeitos de poder. Isso significa que a verdade, quando aceita pelos sujeitos, provoca efeitos de poder sobre suas vidas. Ou seja, a verdade tem o poder de influenciar a conduta dos sujeitos e das sociedades. Para Castor Ruiz, “as verdades socialmente aceitas têm o poder de induzir o comportamento das pessoas”. É assim que uma verdade, quando se consolida como uma verdade para uma pessoa ou para um grupo, tem efeitos de poder sobre eles.
            Por sua vez, todo dispositivo de poder produz formas de verdade para se legitimar socialmente. O poder é uma fonte de produção de verdades, pois todo poder se consolida socialmente quando as verdades por ele produzidas são amplamente aceitas. Não existe dispositivo de poder que não produza formas de verdade, nem verdades que não produzam efeitos de poder.
            Um exemplo para esclarecer melhor: o conceito de liberdade liberal está constituído como uma verdade vinculada ao amplo e irrestrito exercício de nossos desejos. Segundo esse símbolo de liberdade, quanto mais conseguirmos realizar o que desejarmos, mais livres seremos. Com base nesta verdade amplamente aceita, os dispositivos de poder do capitalismo faz décadas que investiram maciçamente na produção dos desejos dos indivíduos. Hoje uma imensa constelação de saberes e de profissionais se dedicam a estimular desejos, a produzir necessidades, a provocar anseios, a fabricar sonhos, etc. A maioria dos indivíduos não se questionam sobre como esses desejos, e as necessidades subsequentes, surgiram e amadureceram neles. Como diz Castor Ruiz, “ao acreditarem que são livres realizando seus desejos, procuram satisfazer aquilo que desejam, geralmente possuindo coisas, dando-se o paradoxo de que quanto mais desejos realizam mais se sujeitam aos dispositivos de poder que provocaram esses desejos. O paradoxo é maior porque quanto mais desejos realizam mais livres se sentem, quando na verdade esse modelo de liberdade os sujeita mais estreitamente aos dispositivos de poder responsáveis pelas verdades dos seus desejos”. E agora, o que é verdade?
*Professor Mestre em História

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Joaquim Barbosa e Três Cachoeiras




por Eduardo Mattos Cardoso

            Elevado a categoria de herói nacional pela revista Veja, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa está fazendo História na justiça brasileira. Quem acompanhou ou ainda acompanha o julgamento do “mensalão” já deve ter ouvido sobre “teoria do domínio do fato”, instrumento jurídico usado para condenar alguns réus do caso. No popular quer dizer que como as provas materiais sobre o envolvimento e mando dos “chefes” são muito difíceis de encontrar, se condena pelos indícios, pela dedução lógica, pelo que “todo o Brasil e mundo sabe”: quem, apesar de não deixar rastros, está por trás de tudo é fulano de tal. Poderia ser usado também no episódio da compra de parlamentares para aprovarem a reeleição de FHC. Que tal!
            Mas o que isto tem a ver com Três Cachoeiras? Como cientista social e cidadão como qualquer outro, todos nós gostaríamos que justiça fosse feita em todas as esferas e lugares. Portanto, se a “teoria do domínio do fato” fosse utilizada pela juíza eleitoral que é responsável pelo Município de Três Cachoeiras, talvez teríamos outros desdobramentos nas decisões da justiça eleitoral. Dessa forma o simples “caso” das “camisetas” da “juventude progressista” e outras amenidades poderiam ter outra conotação e interpretação. Pois a maioria dos três-cachoeirenses soube o que ocorreu na eleição recente, desde pequenas falcatruas a compra de votos e ainda o uso de laranjas em questões pontuais e judiciais. Nunca se chega ao chefe. É dissimulação pura.
É evidente o acerto da juíza eleitoral nas decisões recentes. Esta se valendo de provas, documentos, o que é o comum em questões judiciais. No entanto fica aqui meu devaneio em pensar que um dia “a teoria do domínio do fato” chegue a Três Cachoeiras, e que ai se descubra quem é o “chefe”, ou os “chefes”. Doa a quem doer.
P.S: Em tempo: parabenizo Junior Guimarães pelo artigo “Rio Cardoso: da agitação para o remanso” na página 08 da última edição. No entanto é necessário algumas observações: o autor se valeu de um depoimento oral na sua “introdução histórica”, o que é aceitável desde que tomados alguns cuidados; na pesquisa histórica nos valemos da História Oral quando não há nenhum registro ou quando é necessário comparação/complementação; ainda, em história não podemos usar determinação genérica como “Naquele tempo”(no primeiro parágrafo) sem indicar uma temporalidade pelo menos aproximada de décadas no caso. Concluindo, indicaria para consulta o livro de Marina Raimundo da Silva, com o titulo Navegação Lacustre Osório Torres. Nesse livro, que é essencial (e em outros registros), não há qualquer indicação de que as pequenas embarcações via Rio Cardoso e lagoas iam para Tramandaí por lá estarem “grandes navios ancorados”. Tramandaí era destino de mercadorias sim, mas diretamente, principalmente em temporada de veraneio, e não para transbordo para outras embarcações maiores. O transbordo ocorria sim em Osório (antes Conceição do Arroio) para outras modalidades de transporte em direção de Porto Alegre. Para mais detalhes vide Marina Raimundo da Silva.

Secretários e feriados




por Eduardo Mattos Cardoso

            Saiu a nominata de secretários do futuro governo municipal de Três Cachoeiras. São os novos secretários municipais a partir de 1º de janeiro de 2012, mas são velhos conhecidos. Desejamos sorte e grandes realizações. Entretanto, uma pergunta não quer calar: é possível esperar novidades e avanços de administradores que já estiveram com o poder no passado e tiveram desempenho duvidoso? É esperar pra ver já que são “costuras políticas”. O próximo prefeito poderia ser mais ousado assim como fez com seu novo corte de cabelo.
            Quanto à distorção entre interesse público e privado acertei na mosca. Os nomes apresentados são figuras conhecidas - historicamente falando - e a população conhece suas formas de agir e de ver o mundo. Explico: não basta, por exemplo, trabalhar com atendimento ao público em geral ou em qualquer setor e dizer que faz pelo coletivo se suas atitudes privilegiam o pessoal e o “o jeitinho”.
            Coincidentemente encontrei uma futura secretária no Departamento Médico do Estado do Rio Grande do Sul. Como é funcionária antiga deve estar com alguma moléstia que espero não ser grave e que se recupere bem da saúde e descanse bastante, para assumir o cargo no inicio do ano. Como estudei sobre banhos de mar em minha dissertação lhe recomendo a praia para se restituir. Outro caso é interessante: a esposa é eleita vice-prefeita e o marido é indicado para uma secretaria. Coisas de família ou de pessoas muito competentes, muito parecido com nepotismo, mas que na letra da lei não é ou pode ser? Que entrem os advogados de plantão.
            Para descansar, lembrar e refletir sobre público e privado temos mais um feriado nacional. Depois do 7 de setembro (Independência) é o mais importante do país, politicamente, enquanto República Federativa do Brasil, pois é o da Proclamação da República que ocorreu em 15 de novembro de 1889. Até então vivíamos numa Monarquia e Dom Pedro II foi nosso último Rei.
            Com o advento da República o Estado Brasileiro teve muitas mudanças no âmbito politico e social. Passamos a ter eleições para presidente. O Brasil passou a ser um Estado laico, ou seja, não tinha mais religião oficial que até então era a católica. Entre outras, uma mudança me intriga até hoje. O início da República tirou o registro “civil” da mão de padres e pastores e concedeu a entes privados. Antes com a monarquia padres e pastores registravam nascimentos, batismos, casamentos e mortes (entre outros registros sociais importantíssimos para a história brasileira). Veio a República e esse serviço público foi dado para particulares cuidarem e explorarem até hoje, atualmente com a prerrogativa de concurso para isso.
            Era um mau presságio. O que era para ser cada vez mais público, pois se inventava a República, já tomava caminhos privados. A privatização dos serviços públicos então começava no novo e tortuoso modelo politico nacional. Algumas distorções permanecem e são difíceis de mudar porque prevalece “jeitinho brasileiro” onde o pessoal ou particular predomina.

Um mês depois da eleição


Um mês depois da eleição

Eduardo Mattos Cardoso

            Já faz um mês que ocorreu a eleição municipal em Três Cachoeiras. Onde estará Deus nesse momento? Eu sei: iluminando a cabeça do candidato “eleito” neste pleito agora para compor seu secretariado, assessores, cargos de confiança, cargos em comissão e outros que não sei até hoje para que servem. Deve ser missão quase que impossível acomodar tantas pessoas e interesses. É hora de dividir o botim da guerra.
Rui Barbosa chamava a atenção em seus discursos dizendo que “a República tem vivido de leis pessoais, de reações pessoais, de atos pessoais do Poder Executivo e do Poder Legislativo. [...] E a responsabilidade dessa atitude, o hábito de não prever as eventualidades previsíveis do dia de amanhã, tem sido a desgraça, a ruína e a miséria da situação.” Isso para alertar os brasileiros sobre o significado de República, qual era, o de “res publica”, ou o que era público, a coisa pública. Mas que no Brasil tínhamos uma “res privada”. Não parece ter mudado muito.
 As negociações estão andando. Mas até que ponto o interesse pessoal e privado vai se sobrepor ao interesse comum ou vice e versa? Efetivamente temos bem claro as opções que cada agremiação partidária (ou no caso a coligação!) toma para si e seus pares. Quando um indivíduo se identifica com um partido é porque enxerga neste e na sua orientação aquilo que lhe convém e lhe agrada. Desta forma se submete as diretrizes partidárias ou práticas políticas e institucionais que bem conhece e aceita. Mas que visão de mundo tem e terá nosso governante? A de que o mais importante é a pessoa, portanto, as atitudes particulares, privadas em primeiro lugar em detrimento das causas coletivas e do bem comum?
Alguns estão apreensivos, outros curiosos com os desdobramentos políticos do munícipio. Entre outros desvios que os políticos geralmente cometem está a confusão entre esfera pública e esfera familiar, o que é uma transgressão. Enquanto imaginarmos que o governante é um pai-provedor, e o governante, por sua vez, explorar essa fantasia, continuaremos produzindo atitudes demagógicas e populistas, com seus inevitáveis subprodutos: o clientelismo, o nepotismo (também o cruzado), o protecionismo... É assim que transformamos o que seria uma política pública em política privada.
É claro que são conjecturas, pois são velhas práticas e atitudes conhecidas. E que não venham com dissimulação. É o que se tem visto até o momento. Dissimulação pura e ao que parece bem decorada ou é prática comum? E ainda, que também não venham com a velha prática de botar a culpa no anterior. Não cola mais. Mas as promessas são grandes e difíceis de cumprir, portanto o mais fácil é preparar o terreno desde já plantando noticias sem origem para depois tirar o corpo fora. Uma ou duas: ou temos dissimulados ou futuros maus gestores na administração pública. 

Revolução e riqueza


Revolução e riqueza

Eduardo Mattos Cardoso

            Estou relendo “Meu amigo Che” de Ricardo Rojo. É uma edição antiga, de 1968 da Civilização Brasileira, editora de bons livros. É um daqueles livros que de vez em quando pego na estante para reler sem compromisso. Para refrescar a cabeça. É história pura, mas também educação, cultura, economia e outras amenidades. Ricardo Rojo, amigo e confidente de Ernesto Guevara de La Serna, ou simplesmente Che Guevara, conta com seus olhos como se forjou o revolucionário Che, do descobrimento da América Latina ao desenvolvimento crítico e teórico sobre a sociedade e suas mazelas. Figura latino-americana emblemática, principalmente na década de 1960 com o desenrolar da Revolução Cubana e seus desdobramentos políticos e sociais.
            Guevara deixou de lado uma vida garantida como médico na Argentina para conhecer e lutar pelos povos latino-americanos. Em suas viagens viu com seus próprios olhos a miséria e a exploração desses povos pelos países que cruzou e viveu, pois não eram viagens de uma semana ou um mês. Eram viagens de um ano. Morou em alguns países em ebulição política e social da América Central na década de 1950. No México conheceu os “barbudinhos” cubanos, entre eles Fidel e Raul Castro. Prepararam dali a Revolução. Com o êxito foram para a prática, ou seja, governar o país.
            Falo aqui sobre esse livro porque me faz pensar sobre a sociedade atual, sobre nossa cidade, nossa Três Cachoeiras. Nos últimos anos o município tem passado por uma verdadeira revolução no campo econômico. Os investimentos públicos e privados são evidentes. A população vem crescendo muito. Muita riqueza esta circulando. Como em outras regiões parece termos em Três Cachoeiras um surto de desenvolvimento econômico. Em consequência temos um surto migratório dos municípios próximos em direção à cidade.
            Entretanto, tem me chamado a atenção o descompasso entre o crescimento econômico e o social, educacional e cultural. A riqueza econômica gerada e vista a olhos nus não esta trazendo riqueza social, educacional e cultural para a cidade. Observo o contrário. A ostentação, o consumo enlouquecido e o individualismo reinam. Che dizia para Rojo: “você precisa ver o grau de alienação a que chegam os ricos”, contando o caso de uma condessa (ainda existia em Cuba na década de 1960!) que “com 80 anos de idade, resolveu deixar Cuba e, no dia em que soube que suas propriedades haviam sido confiscadas, caiu doente, vindo mais tarde a morrer numa clínica nova-iorquina para milionários..., pois não conseguira sobreviver à perda de uma riqueza...”. Vejo alguns casos, guardadas as devidas proporções, semelhantes em nossa cidade. Tudo pelo dinheiro, pois o dinheiro manda em tudo e compra tudo. No caso de um eletroeletrônico tem que comprar porque é lançamento, é moda, etc., mas nem sabem operar o equipamento, mas não importa, neste caso não basta ser, tem que apenas ter.

A política e o sagrado em Três Cachoeiras


A política e o sagrado em Três Cachoeiras

Eduardo Mattos Cardoso

Esta nas rodas de conversa. As pessoas não param de falar. Ou melhor, o resultado das eleições em Três Cachoeiras esta dando muito que falar. Ou não se tem outra coisa para falar. O foguetório não para, é muita comemoração, parece um titulo de campeonato brasileiro que não se ganhava há muito tempo. O marciano do Juremir Machado da Silva não entende mais nada. Já passou mais de duas semanas e a festa não para. Afora alguns excessos entendemos a empolgação. Até romaria fora de época.
Entretanto, algumas coisas me intrigam. Entre elas é a participação de Deus nas eleições de Três Cachoeiras e provavelmente em muitos outros municípios. Mas neste caso Deus esteve do lado dos eleitos. Deus escolheu lado. Eu pensava que Deus olhava por todos. Pelo menos é o que entendi pelas manifestações de alguns candidatos eleitos em falas e notas nos jornais locais. É explicito nos agradecimentos. Quais significados estes eleitos dão para Deus. Estão usando de forma apropriada? O caro leitor é quem responderá.
Além disso, Maquiavel parece ter prestado consultoria nas eleições de Três Cachoeiras. Acho que não cobrou pelo trabalho. Tudo em nome da salvação do povo três cachoeirense. Será que os fins justificam os meios? Muita gente aceita e reproduz. Em O Príncipe, Maquiavel argumenta que os objetivos de um governante justificam os meios usados para obtê-los. No escrito rejeita a moralidade cristã e dá “conselhos práticos a um príncipe, dizendo que os valores cristãos deviam ser postos de lado se atrapalhassem o seu caminho.” Ou seja, o maquiavelismo pressupõe “que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e da moral para realizar seus planos.”
Beto Colombo resume bem: “Se fôssemos trazer para os dias de hoje, para a eleição deste ano, seria algo como “corrompa o eleitor e depois seja sério na câmara”. Ou “faça promessas para ganhar a eleição, depois faça o que é possível”. Enfim, faça tudo o que é necessário para sair vitorioso nesta eleição, não importa o que, depois se posicione de forma ética”, ou não? E completa perguntando se “você concorda com isso? Com um candidato corrupto antes das eleições, desde que depois ele seja correto?”, ou não?
Fica evidente, para este caso, que a moral cristã se contrapõe a atitudes “maquiavélicas”. Ou para os candidatos eleitos andam juntas? Se assim for a dramaturgia se eleva a requisito básico no comportamento dos eleitos. Leia Maquiavel e pense sobre isso.

A reinvenção da Radionovela em Três Cachoeiras


A reinvenção da Radionovela em Três Cachoeiras

Eduardo Mattos Cardoso

Três Cachoeiras esta de parabéns. Esta reinventando a Radionovela. Embora o Rádio tenha chegado com alguns anos de atraso na cidade, para os amantes e saudosistas das antigas Radionovelas da Rádio Nacional até ás décadas de 1950 e 1960, Três Cachoeiras esta na vanguarda. A tese do falecido Historiador Eric Hobsbawm é fato: todo povo precisa inventar alguma coisa para se afirmar. Mas é uma produção independente. Não é produção nem invenção da Rádio local, que se diga com aplausos está prestando um baita serviço público, como deve ser de fato, pois é um serviço público concedido. É produção independente da Câmara de Vereadores de Três Cachoeiras. O primeiro capitulo da nova temporada se deu segunda feira, dia 8 de outubro de 2012 com inicio pontual as 17:00 horas, com direito a gritos e foguetório. Pontualidade e invenção a moda inglesa. Primeiro capitulo pós-período eleitoral de 2012. O elenco é antigo, contratado em 2008.
            Como boa produção a dramaturgia estava impecável. São radio atores muito bons. Se fossem atores ganhariam dos globais. Alguns são tão bons que já tiveram contrato renovado por aclamação popular. Eu desconhecia essa vocação três-cachoeirense. Temos que chamar a Globo para fazer novela aqui também, pois quem teve o privilégio de estar presente na câmara de vereadores nesse dia pode comprovar ao vivo o desempenho de nossos vereadores/atores. São muito bons. Como é obra da pura criação artística sem qualquer vinculo com a realidade inventam e reinventam termos e palavras dando-lhes novos significados. Por exemplo, a palavra HONESTIDADE para alguns dos senhores vereadores/atores (sem distinção de gênero) deve ter significado novo: é sinônimo de compra de voto, mentira, violência, intimidação, calúnia, difamação, incompetência, pressão de patrões para seus empregados votarem em tal candidato, e como toda boa dramaturgia, falsidade. Nesse quesito se destacam. Esse programa, longe de censura deve ter classificação de proibido para menores de 18 anos, pois nossos adolescentes não vão entender mais nada: na escola aprendem o verdadeiro sentido de honestidade, hombridade, ética, moral, bons costumes, respeito, justiça, etc. Daí veem seus pais recebendo dinheiro na véspera do dia eleitoral e na Radionovela ouvem tal candidato dizer que o pleito foi honesto, que fulano fez campanha honesta. Para muita tristeza, como educação vem de casa e seus pais não lhe educam, pois vendem seus votos, serão futuramente desonestos. Aurélio e Houaiss devem estar se perguntando? Pra que escrevemos dicionários. Dicionário não serve pra mais nada!
            Fica um sentimento de dúvida sobre nossos legisladores. Respeito e cordialidade sempre, mas não condescendência com atos espúrios e dramaturgia. Constrangedor ouvir e ver os senhores vereadores não citarem sequer uma palavra de repúdio ao que aconteceu no período eleitoral. Como empresário, observador e cientista social sugiro à Rádio local um programa de debate como espaço de esclarecimento e reflexão da política e do cotidiano do Município.
E não esqueça, a nova temporada da Radionovela começa em 1º de janeiro de 2013, com elenco renovado, mas sempre com velhos atores com participação especial ou como celebridades. Melhor que novela das nove. Parafraseando Beto Colombo, Filósofo Clínico e Empresário, é assim que nosso legislativo me parece hoje, ou seja, longe da realidade. Ou ainda, segundo Alain Corbain, uma dramaturgia da estação, a da primavera em Três Cachoeiras.