sábado, 11 de outubro de 2014


Resultado do jogo
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Muitos comparam eleição com jogo. E em jogo tem disputa. Um ganha e um perde. Assim como no futebol, muitas vezes não ganha o melhor. Por isso não é assunto sério do ponto de vista do interesse público. Eleição deveria ser. Deveria! A intenção é boa, mas os resultados não são animadores.

Na crônica anterior levantei a questão da proximidade das pessoas com o processo eleitoral. Infelizmente se comprova cada vez mais o desinteresse. Durante esta semana alguns quase já tinham esquecido em quem votaram, principalmente para deputados.

Conversando com um ou com outro questionei sobre as opções de voto. Para governador muitos responderam que votaram no Sartori para Ana Amélia não ir para o 2º turno! Propostas dos candidatos ou realizações não importam muito. Coisa de jogo: não importa quem é o melhor. Importa esse ganhar e aquele perder. Ou o 2º tempo.

O paradoxal disso tudo é que a maioria perde por que fica alheia à politização. Tirando poucas exceções em nosso município, o que importou para a maioria nas eleições foi número de votos. Qual deputado fez mais votos? A última sessão da Câmara Municipal parecia a apresentação dos resultados de um leilão. Tudo com a nobre desculpa de que os candidatos eleitos vão trazer recursos para Três Cachoeiras.

Interessante a fala de um vereador da direita local. Seu discurso afirma que não acredita em reforma política com os políticos que foram eleitos ou reeleitos. Fala desses políticos como se fossem de outro mundo e não do seu. Ajuda a eleger os mesmos políticos de sempre, se favorece do toma lá dá cá das emendas parlamentares, mas quer se apresentar como diferente. Vindo de quem vem não poderia ser diferente.

Política começa de baixo com conhecimento e politização. Não apenas partidarização. Esperar que de cima mude é só esperar. Isso requer participação e ouvidos mais preparados para não se engolir discurso bonito de enganadores e charlatões.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 3 de outubro de 2014

Eleição de outro mundo
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Domingo tem eleição. Os brasileiros vão escolher presidente da república, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Não é pouca coisa. Muito pelo contrário. Mais uma vez temos a oportunidade de mudar ou lapidar o destino político do nosso país. Porém, para muitas pessoas essa eleição parece de um mundo distante, que quase não tem nada haver com suas vidas.

O que tenho notado é que para uma grande parcela da população do nosso município – Três Cachoeiras – por exemplo, o que importa mais é o que diz respeito à disputa presidencial. Mas infelizmente parece que só existem três candidatos/as. Boas propostas de candidatos ditos pequenos não são debatidas.

Na eleição municipal era mais fácil: só tinha dois candidatos a prefeito. Para presidente tem muitos. A quantidade de candidatos confunde a cabeça de muita gente. Afinal, “o povo” de nossa cidade prefere a “grenalização” política, ou seja, apenas dois lados. Quando tem três, quatro, cinco ou mais parece bagunça eleitoral.

O Brasil tem hoje trinta e dois partidos políticos. Isso mesmo 32. Uns dizem que é um absurdo, um exagero. No entanto, essa quantidade só é possível devido à nossa lei eleitoral que é fruto do processo democrático. Para mexer nisso e melhorar precisamos de legisladores, deputados federais e senadores honestos e comprometidos. Aí a eleição fica mais distante ainda. Muitas vezes as pessoas nem lembram em quem votaram para esses cargos na última eleição, quem dirá acompanhar o que estão fazendo. Para governador e deputado estadual não muda muito.

De 1889, quando o Brasil virou república, até 2009 nosso país teve 117 presidentes. Apenas 16 foram escolhidos através do voto em eleições. O voto direto e secreto e o voto das mulheres só foram possíveis a partir da eleição de 1945. Muito se lutou por esse direito. Infelizmente uma grande parte da população desconhece isso e não valoriza seu voto atualmente. Quem paga depois da eleição?


Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 26 de setembro de 2014