sexta-feira, 28 de novembro de 2014


Escola em movimento

Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Alguns saudosistas que deseducam netos atualmente acham que a escola de hoje tinha que ser como era no tempo da ditadura. Ainda bem que a instituição escola não para no tempo. O tempo em história é processo. Não é estático. E a vida também não. Pelo menos penso que não deve ser. Estou falando disso porque estava refletindo sobre o desabafo que uma professora fez na semana passada no espaço do Erê dos Santos. Aliás, preciso conhecer esse cronista/colunista. Penso como você Erê, que esse espaço privilegiado também pode servir para o desabafo.

A professora se referiu à Escola Municipal Felipe Schaeffer, relatando o descaso, o abandono e a preferência pela “pompa” da festa bonita dos 25 anos. Convém lembrar o caro leitor que, longe de ser o ideal, os professores municipais de Três Cachoeiras são melhor remunerados que os profissionais da rede estadual. Isso, por si só, não significa qualidade. Além disso, é preciso clareza política (não confundir com miopia partidária), moral e ética, além de outros ingredientes indispensáveis para o todo da escola. Agora, cá entre nós, mandatário semianalfabeto ou analfabeto funcional escolhendo professor alfabetizador e equipe diretiva tem como dar certo? Pergunta difícil?

É preciso ressalvar que as circunstâncias relatadas devem ser relativizadas. Parece evidente que não se trata de generalização aos profissionais da referida escola e rede, mas sim de atitudes e prioridades do grupo que a dirige. Isso indica oportunismo partidário recheado com incompetência.

Enquanto isso, com muito menos dinheiro e pessoal, escolas estaduais seguem enfrentando a estagnação e a incompetência. Duas, em particular, acompanho de perto. E estão em movimento. A Escola Estadual Baréa não descansa nunca. Essa semana fez mais uma SCA – Semana de Conscientização Ambiental, desta vez com o enfoque na água. Não poderia destacar um nome. Há muito os profissionais desta escola já passaram de grupo à equipe. Outro exemplo é o Instituto Estadual Angelina Maggi. Entre outras atividades extraclasse, destaco a recente visita a campo que fizemos à região das Missões. Neste caso parabenizo a competência do grupo que organizou esta visita, em especial a dedicação da Profª. Patrícia Lumertz.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 21 de novembro de 2014

Segundo ano à direita
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Enquanto o espírito golpista da direita vai perdendo folego, a vida segue. Falar em Comunismo em um país onde se incentiva cada vez mais o consumo desenfreado é coisa de mal informado ou de má fé mesmo. Nosso povo é diferente mesmo. Reelege candidata a presidenta que aumenta tudo, até a qualidade de vida. Esse Brasil não toma jeito.

Aqui nos pampas, os jornais da capital já preparam manchetes para a primeira semana de janeiro de 2015. Primeiras palavras do governador “Gringo” empossado: “O estado está quebrado”. Baita novidade. Até minha cadela sabe. No sul nos achamos mais diferentes ainda. Gabamos-nos de não votar com a barriga. Votamos para derrubar alguém. Inteligência pura. Viva o gauchismo.

No estado e no país tudo começa ou recomeça politicamente no ano novo. Os municípios estão fechando dois anos do mandato atual. Se a tal da reforma política acontecesse talvez fosse melhor. Entre as propostas está o fim da reeleição, mandato de cinco anos e unificação dos pleitos, ou seja, todas as eleições em uma só data. Os poleiros diminuiriam.

Será que as primeiras medidas de um governante indicam o tipo de governo que vai fazer? Começar progressista e assim continuar; ou começar medíocre ou terminar pior? Nossa realidade municipal não é muito animadora.

O “Gringo” deve começar dizendo o mesmo que nosso “Jênio” disse no início do seu governo: “Tá tudo quebrado, não tem dinheiro pra nada”. Mas será que o futuro governador vai gozar da nossa cara como fez nosso prefeito? Para refrescar a memória: quando Quartinho assumiu o poder em 2013 fez uma choradeira patética sobre a situação financeira da prefeitura. Muitos engoliram e choraram junto. Um mês depois num “canetaço” aumentou o salário dos secretários em apenas 44%, entre outras farras.

O segundo ano de mandato de nosso “Jênio” esta fechando. Uma maravilha. Obras concluídas e bem feitas. Atendimento de saúde próprio a qualquer hora. Funcionários públicos com aquele atendimento cordial e imparcial. O município está se endireitando. Para a direita.


Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 14 de novembro de 2014

O golpe, o partido e o boi voador
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com



Fiquei interessado nesse novo partido que apareceu na eleição do Rio Grande do Sul. Partido do Rio Grande. Nome bonito. Braços abertos, pensei: dever ser coisa boa. Decidi me filiar. Vou atrás, não encontro nenhum correligionário. Pergunto no TRE: não existe. Como assim não existe? Estava na propaganda direitinho; o candidato repetia o tempo todo “Meu partido é o Rio Grande”. Imaginei até a sigla: PRG. Acordei!

O RS é um estado realmente de façanhas. Elegeu um governador sem partido. Pelo menos é o que as propagandas mostravam. Na real não é bem assim. O candidato para ser eleito arrebanhou, entre coligação e apoio no segundo turno, “apenas” 19 partidos.

A presidenta reeleita não fica longe desse número de partidos coligados, onde PMDB, PP e PDT nacionais são apoios de carteirinha. Mas por que “os donos do poder”, com uma “mãozinha” da mídia golpista, não gostam do PT? Globo, Veja, Folha de São Paulo e Cia. Ltda. não desistem nunca. Detestam democracia. Quando o assunto é corrupção, só vale a de hoje, a de ontem não.

Relendo sobre a ocupação holandesa do litoral nordestino brasileiro no séc. XVII, principalmente na Pernambuco atual, lembrei-me do “Gringo” – e de seus braços abertos – e da presidenta. Nessa região brasileira é comum ouvir pessoas dizerem “isso é coisa de boi voador” quando querem se referir a falsas promessas políticas ou algum engodo, e remonta o tempo em que o holandês Maurício de Nassau governou Recife e inaugurou uma ponte.

No caso do “Gringo” talvez só o partido seja voador. Quanto às promessas, nem boi não tem. Mas para o bem do Brasil e da maioria dos brasileiros é bom que a presidenta derrube o boi e faça as reformas necessárias. Entre outras, a educacional, a política, a dos meios de comunicação e a do judiciário/justiça que quase sempre é esquecida dos debates. Com o sistema judiciário que o Brasil tem, golpe é sempre uma possibilidade.

Crônica publicada no Jornal Fato em Foco do dia 7 de novembro de 2014

terça-feira, 4 de novembro de 2014


Café de domingoEduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com.com


No próximo domingo votaremos e acompanharemos o resultado da eleição. É o futuro do estado e o do país que esta em jogo. São as nossas escolhas que farão a diferença. E fazem muita diferença.

Domingo também é dia de visitar os parentes. De tarde geralmente tem aquele cafezinho. Nos últimos domingos de segundo turno os cafés têm se estendido mais. A grande mídia prega a “demonização” da politica através da “idiotização”. Mas no fundo as pessoas querem conversar, trocar ideias e debater política.

Num desses domingos estava reunido e conversando sobre assuntos variados, desde moral, honestidade, dupla personalidade e política. Chamou-me a atenção a opinião predominante de que dupla personalidade é “normal”. Exemplo: não importa se fulano/a comprou e compra votos em eleição se executa seu trabalho corretamente!

Respirei fundo. Moral e honestidade são qualidades únicas. Ou se tem, ou se não tem. Mas na lógica da “normalização” pode ser assim: de manhã honesto; à tarde corrupto. Será possível? Não concordo. Não existe cidadão meio honesto. Ou é ou não é.

Esse assunto veio à tona por que, tanto o candidato ao governo do estado quanto o candidato à presidência da república que se dizem a opção pela mudança, evitam falar do seu passado político. Eis um mal dá falta de educação em casa e de ensino escolar, principalmente na disciplina de História: não conhecer o passado e muito menos se importar com isso.

É claro que o ditado “não somos perfeitos” é válido, e que podemos nos arrepender de erros que cometemos. Mas para isso temos que agir diferente do erro. Não continuar errando. Neste caso, outro ditado popular adaptado é válido: “errar é humano, mas voltar ao erro é burrice”.

Pensar nisso nos ajuda a tomar decisões com mais certeza. Por que disso depende o dia de amanhã. Não tem dupla personalidade. Tem quatro anos de busca da dignidade ou a perda dela.

Crônica publicado no jornal Fato em Foco do dia 24 de outubro de 2014

Para o GringoEduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


“Prezado Gringo. A campanha tá boa por aqui. Em Três Cachoeiras estamos abraçados com o PMDB. Pode olhar as fotinhos nas redes sociais. Pra acabar com essa “petezada” fazemos qualquer negócio. Na eleição municipal a gente faz de conta que é adversário. É sempre assim. Depois a gente se junta. O povo tem memória curta mesmo.

Aquele tempo que tu passou descansando olhando para o Mampituba lá do alto te ajudou bastante. Quando apareceu aquela fotinho num jornal, e tu dizia que não queria saber mais de nada depois do longo tempo em Caxias, eu entendi a mensagem. Por aqui me chamam de “tanso”. Podem me chamar do que quiser. O importante é ganhar eleição.

Eu sei que tu é “macaco velho” na coisa. Mas essa de “meu partido é o rio grande” tá muito bom. O povo gosta mesmo de ser empulhado. Veja o que eu inventei por aqui na última eleição: “Primeiro as pessoas” e “Três Cachoeiras pode mais”. Adoraram e compraram, ou melhor, comprei. O povo gosta é de frase vazia.

No mais continua assim. Tá do jeito que a gente gosta. Vamos botar a “petezada” pra correr. Mas te prepara que até dia 26 o sem bigode vai vir com tudo. Mas a tua estratégia tá boa. Primeiro fugir do debate no primeiro turno. Fez como eu fiz por aqui. O povo adora covarde. Quanto mais covarde melhor. Agora no segundo turno vai a um ou outro debate, principalmente o da Rede Baita Sol, mas enrola como tu vem fazendo. Deve ser normal isso. Mas não importa.

De resto, quando o sem bigode relembrar o tempo do Simon, do Brito e do Rigotto e vir com essa história de comparação, te faz de loco como sempre. O povo não lembra mesmo daquele rolo do falecido Lindomar, irmão do Rigotto, no tempo do Simon. E nem do tempo em que o Brito com a nossa ajuda vendeu quase tudo o que era do estado. Segue enrolando. Atenciosamente, Reizinho Poltrão.”

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 17 de outubro do 2014