sábado, 25 de abril de 2015


Próximos candidatos
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com

Estava caminhando pelo centro outro dia quando encontrei um de meus leitores. Parei para “bater um papo”. Prefiro esse tipo de conversa a rede social. Sou “antigo” ainda! Adivinhe o assunto?... Lascou uma pergunta de cara: - quem tu achas que serão os candidatos na próxima eleição? Respondi que é muito cedo para nomes e que ocorre uma distorção: escolhe-se primeiro os nomes, o projeto vem depois.

Foi por aí que o “papo” começou e se alongou. De fato o tempo cronológico está afastado ainda de 2016, mas as articulações parecem não estar tão distantes assim. É claro que em município pequeno como o nosso as coisas são mais devagar. Mas estão acontecendo.

Os candidatos da situação mais cotados são o Prefeito desafinado e o Vereador roedor. Pelo menos é o que parece, salvo alguma surpresa. No entanto, um ou outro não faz muita diferença no tabuleiro. Parece óbvio para o leitor esclarecido que nosso guia municipal não tem ideia própria, não manda. Ele mesmo confessou que não lê projetos, portanto reconhece que é analfabeto funcional. Palavras suas. Assim, alguém faz isso por ele. Alguns indícios nos levam a crer que a “eminência parda” é quem rói o quarto pequeno pelas “beiras”.

O que pode haver é uma disputa de egos. Se nosso guia não for candidato à reeleição atestará que seu governo foi um fracasso. Nesse caso pode ser realista. O contrário também pode acontecer. Mas nunca houve reeleição em Três Cachoeiras. Vale o risco a reconhecer que seu mandato foi um desastre?

Quanto à oposição muitas são as conversas e também o jogo de egos. Não poderia faltar. Basta saber se o “bloco” partidário PMDB, PDT e PT permanecerá o mesmo e até contar com o reforço do PTB. Ou ainda a opção de uma terceira via de bico grande.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 24 de abril de 2015.

Será mais uma pegadinha?
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com

Será que nosso guia municipal quer nos enganar? A tática é velha: economizar nos três primeiros anos para no seguinte espalhar “favores”. Mas é para sua reeleição ou para dar queijo ao roedor? A campanha parece ter começado. É churrascada pra todo lado.

No entanto, município não é para dar lucro. É para atender o cidadão em suas múltiplas necessidades, principalmente aqueles que mais necessitam. Mas não é isso que vem acontecendo. No fim de 2014 nosso guia anunciava que sobraria no caixa mais de um milhão de reais. Incrivelmente mudou de conversa; agora está dizendo que há falta.

O mais incrível ainda é que muitos acreditam no chororô. Mas os números desmentem. Basta dar uma olhada no sítio do TCE – Tribunal de Contas do Estado. Observe que os valores são informados pela própria Prefeitura.

Colhi alguns, que são de domínio público, só para exemplificar. Comparando os dados do primeiro bimestre de 2014 com o mesmo período de 2015 verificamos que a receita (entrada de dinheiro no caixa do município) cresceu cerca de 15%, mais que o dobro da inflação. Passou de R$ 3.320.179,00 (Três milhões trezentos e vinte mil e cento e setenta e nove reais) nos meses de janeiro/fevereiro/2014 para R$ 3.810.737,00 (Três milhões oitocentos e dez mil e setecentos e trinta e sete reais) no mesmo período de 2015.

O aumento de receita por si só não quer dizer que tem mais dinheiro. Assim como entra, sai com as despesas. E elas aumentam. Ou pelo menos deveriam aumentar. Aqui é onde o discurso está longe da realidade. No bimestre janeiro/fevereiro/2015 a despesa foi de pouco mais de 60% (R$ 2.393.322,00 – Dois milhões trezentos e noventa e três mil e trezentos e vinte e dois reais) em relação à receita. Será que os números estão mentindo? Ou é empulhação pura? Se for mais uma piada, conta outra!

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 17 de abril de 2015.

Impostos e sonegações
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com

No mês de abril comemoramos o aniversário de emancipação política de Três Cachoeiras pagando IPTU. Os valores foram “atualizados”. A choradeira é correspondente ao tamanho dos bens. Mas como quase sempre, quem “chora mais”? Os ricos. E a maioria dos ricos parece igual em toda parte. Esbravejam que os impostos são muitos e elevados.

A lógica avarenta do rico é simples: para quê pagar impostos (ou impostos altos) se tem dinheiro para “comprar” tudo particular? A onde tem é assim: escola particular para os filhos, plano de saúde e hospital particular, segurança particular, estradas com pedágio e por aí vai. Para o rico quanto menos impostos melhor; sobra mais. Os pobres, que são a maioria, que se lasquem.

É verdade que a corrupção drena boa parte do que é arrecadado. Mas parece que é só a corrupção a culpada do retorno ruim dos impostos em serviços públicos. O que pouco se fala é em sonegação. Esta, segundo auditores da Receita Federal, é muito maior que a corrupção em valores. E sonegador é nome bonito para corrupto.

Assim como existe o “impostômetro” também existe o “sonegômetro”. Isso mesmo, uma medição da sonegação no Brasil. Basta procurar na rede. Mas para variar, adivinhem: não é divulgado pela mídia dominante.

Uma das últimas operações da Polícia Federal, chamada “Zelotes”, desmontou a “banca” moral de algumas empresas conhecidas. Entre elas a RBS. Logo quem! Cobram moralidade e estão sendo investigados num “esquema” de propinas para que dívidas tributárias sumam da Receita Federal. Que moral!

Mas em Três Cachoeiras não é assim! Todos os munícipes pagam seus impostos religiosamente! O valor do IPTU corresponde exatamente às características dos imóveis. Não tem sonegação de informações. E quando tem compra e venda os valores correspondem às cotações de mercado na hora de recolher o ITBI. Ufa! Ainda bem que aqui não tem sonegação!

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 10 de abril de 2015.

Disputa pelo poder
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com

A próxima eleição municipal já vem sendo pensada há muito tempo pelos partidos locais e principalmente pelas figuras que querem o poder e pensam que o tem. E à medida que o tempo passa a disputa fica cada vez mais escancarada. Para não dizer asquerosa.

De fato, devido a sua importância, uma eleição não deve ser pensada de última hora. Para o bem da coletividade deve ser tratada com o zelo que merece. Infelizmente não é isso que ocorre ou está ocorrendo em nossa cidade.

O que se vê é uma disputa de egos. Ideias, ideologias, histórico de partidos e candidatos/as ficam em segundo plano. E esse modo de fazer politicagem continua a atrasar o município. Seria um insulto à política chamar de política o que fazem algumas pessoas que se dizem bons, com destaque ao grupelho que se apossou do que é público atualmente em Três Cachoeiras.

Entre tantos outros males que assombram a política brasileira destaco dois para o cenário trescachoeirense. Primeiro é a satisfação de egos; segundo é a apropriação em proveito particular do que deve ser de todos. “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”. Por aqui fica assim: “Meu prédio na avenida está certo, a lei é que deve ser mudada”.

Com interesses pessoais evidentes, certas figuras estão mostrando suas garras. Outro está mostrando os dentes e sua capacidade de roer. Sua “fantástica fábrica de favores” está recebendo cada vez mais “incentivo fiscal”. Tudo em nome de uma autoproclamada missão divina de caridade que conta com o apoio de fanáticos como em uma seita.

Todo favor pessoal em troca de voto é fraude. E o que se anuncia não parece promissor. Basta saber se terão coragem de enfrentar a lógica da “grenalização” da política local: não importa quem é o candidato ou partido, importa é derrubar quem está no poder.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 3 de abril de 2015.

Corruptos são os outros
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Lecionar disciplinas de Ciências Humanas é um desafio. Primeiro porque são desvalorizadas socialmente. Para muitos alunos, pais e inclusive alguns professores de outras áreas é um conhecimento inútil. O que importa é saber ler, escrever e calcular o necessário, principalmente multiplicação. Segundo, porque mexe com questões de desigualdade social, práticas e comportamentos sociais, o que acaba muitas vezes por desconstruir mitos e desnaturalizar o “sempre foi assim”.

As aulas de Filosofia são surpreendentes. Diante de assuntos como caráter, ética e moral “o bicho pega”. Tomando como ponto de partida um tema atual, perguntei a meus alunos qual a diferença entre um caminhoneiro que suborna um policial e um empreiteiro que suborna um político. Num primeiro momento muitas respostas foram estarrecedoras. Disseram que o caminhoneiro se defende e que corruptos são os políticos.

Como assim? Na ótica sobre rodas turbinada, corruptos são os outros. Chega a ser surreal. Conversando com alguns caminhoneiros durante os protestos do início de março ficou escancarada a contradição. Vociferavam contra o governo e a corrupção enquanto achavam “normal” subornar policiais e agenciadores de carga. Questão de sobrevivência! E que sempre foi assim. Opa! Então a corrupção não foi inventada pelo PT. Alívio para os companheiros.

A constatação que se chega é que falta educação. Mas essa educação não é ensinada na escola. Essa educação vem de casa, vem do exemplo e das atitudes dos pais e da sociedade. Honestidade e comportamento ético vêm de um aprendizado que começa bem cedo. Mas só ensinar não basta. Tem que praticar. Esperar que a escola seja a redenção do país mascara a realidade.

Por isso, a tarefa do professor de Ciências Humanas se transforma num desafio babilônico. Ainda mais quando a cultura do levar vantagem e da avareza se alastram a qualquer preço.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 27 de março de 2015.