Peões diplomados
Eduardo
Mattos Cardoso eduardomattoscardoso@gmail.com
Muitos jovens brasileiros disputam
uma vaga no tal mercado de trabalho. Em momentos de recessão econômica
planejada, como a que estamos entrando, essa tarefa fica mais difícil.
Nas grandes cidades, principalmente,
entra em cena as seleções. E, invariavelmente, além de outros critérios, o
empregador usa o quesito escolaridade para escolher o futuro trabalhador. Não
que seja de fato necessário esse ou aquele nível escolar. Muitas vezes facilita
a escolha por que diminui o número de concorrentes.
A exigência do Ensino Médio (antigo
Segundo Grau) virou lugar comum para selecionar. Alguns cursos de nível médio
técnico facilitam a empregabilidade posterior. Mas isso não é regra. Vale para
alguns cursos.
Embora o Ensino Médio seja um
gargalo no sistema educacional brasileiro, alguns passos foram dados na questão
quantidade. Mas como geralmente na educação nacional quantidade e qualidade não
andam juntas, outro problema aparece...
Mas para quê serve o Ensino Médio?
Tentando responder essas e outras questões, o Ministro da Educação Renato
Janine Ribeiro, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura da última
segunda-feira, disse que esse nível da Educação Básica tem que melhorar. No entanto,
afirmou que o Ensino Médio não pode ser apenas um curso “preparatório” para o
ENEM. Além disso, tem que formar para a vida. Será que isso está acontecendo?
Alguns professores defendem que o
Ensino Médio deve servir a este fim prioritariamente. Por isso os estudantes
devem estudar o maior número de conteúdos possível para enfrentar o ENEM, mesmo
que a maioria desses conteúdos/conhecimentos sejam pouco significativos para a
vida diária.
Visões a parte, a elevação da
escolaridade da população brasileira é sempre bem vinda. Esperamos que a
qualidade ande junto à quantidade na educação superior também. Ou, obedecendo
ao “senhor mercado”, a intenção é apenas transformar os “peões” em “peões diplomados”?
Nesse processo, quais os papéis do Ensino Médio e do ENEM?