sexta-feira, 21 de agosto de 2015

        Peões diplomados

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Muitos jovens brasileiros disputam uma vaga no tal mercado de trabalho. Em momentos de recessão econômica planejada, como a que estamos entrando, essa tarefa fica mais difícil.
            Nas grandes cidades, principalmente, entra em cena as seleções. E, invariavelmente, além de outros critérios, o empregador usa o quesito escolaridade para escolher o futuro trabalhador. Não que seja de fato necessário esse ou aquele nível escolar. Muitas vezes facilita a escolha por que diminui o número de concorrentes.
            A exigência do Ensino Médio (antigo Segundo Grau) virou lugar comum para selecionar. Alguns cursos de nível médio técnico facilitam a empregabilidade posterior. Mas isso não é regra. Vale para alguns cursos.
            Embora o Ensino Médio seja um gargalo no sistema educacional brasileiro, alguns passos foram dados na questão quantidade. Mas como geralmente na educação nacional quantidade e qualidade não andam juntas, outro problema aparece...
            Mas para quê serve o Ensino Médio? Tentando responder essas e outras questões, o Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura da última segunda-feira, disse que esse nível da Educação Básica tem que melhorar. No entanto, afirmou que o Ensino Médio não pode ser apenas um curso “preparatório” para o ENEM. Além disso, tem que formar para a vida. Será que isso está acontecendo?
            Alguns professores defendem que o Ensino Médio deve servir a este fim prioritariamente. Por isso os estudantes devem estudar o maior número de conteúdos possível para enfrentar o ENEM, mesmo que a maioria desses conteúdos/conhecimentos sejam pouco significativos para a vida diária.
            Visões a parte, a elevação da escolaridade da população brasileira é sempre bem vinda. Esperamos que a qualidade ande junto à quantidade na educação superior também. Ou, obedecendo ao “senhor mercado”, a intenção é apenas transformar os “peões” em “peões diplomados”? Nesse processo, quais os papéis do Ensino Médio e do ENEM?