Tempo de visitas
Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História - eduardomattoscardoso@gmail.com
Fim e início de ano é tempo de festa, férias, viagens e de receber visitas.
Isso mesmo: visitas.
É uma satisfação muito grande receber velhos e novos amigos. E também os parentes.
Nesse mundo globalizado e com gente morando em tudo quanto é canto do mundo, até parente que mora no exterior apareceu.
O mundo está mudado!
Mas esse assunto, o de visita, nem sempre foi assim muito tranquilo. Tem História, processo, mudança, evolução e inflexão.
Mas esse assunto, o de visita, nem sempre foi assim muito tranquilo. Tem História, processo, mudança, evolução e inflexão.
Lá pelas décadas de 1960 e 1970 era diferente. Era tempo de família grande. Nem todos ficavam no interior. Alguns rumavam para capital Porto Alegre em busca de melhores condições de vida. E lá formavam suas famílias.
Em época de férias debandavam com a família inteira para visitar os parentes do interior. A criançada tomava conta. Era tempo difícil financeiramente. Não tinha aposentadoria e nem mercado na esquina. Uma ou outra família trazia mantimentos para a temporada. Outras não.
O tempo passou.
O tempo passou.
Pelos idos da década de 1980 e início dos 90 o tipo de visita mudou. Era meu tempo de criança. As visitas de parentes eram mais escassas. Volta e meia tios, tias, primos ou primas apareciam. Detestava quando certos parentes apareciam. Coisa de criança. Eram daqueles que pegavam as crianças pelo rosto e quase nos levantavam dizendo: - Tá bonitinho esse guri!
Além disso, a parentada vinha para o interior se exibir. Mostrar seus carros, suas roupas e suas conversas fiadas, tentando aparecer.
Foi nesse período que conheci o tal do laquê que as mulheres usavam no cabelo. O produto funcionava tão bem que mesmo depois de dormir uma noite acordavam com o penteado intacto. Coisas da modernidade e da cidade naqueles anos.
Duas décadas adiante.
Hoje está muito diferente.
Visitas de parentes são raras. Às vezes nos perguntamos se esqueceram de nós. Até os de perto não aparecem.
O que será que está acontecendo? Muitos compromissos, muitas festas, muitas viagens, muito trabalho, enfim, o tempo da pós-modernidade modificou e continua modificando profundamente a vida e consequentemente as relações humanas.
Ainda bem que os amigos não se esquecem da gente e nos visitam.
Ainda bem que os amigos não se esquecem da gente e nos visitam.
São agradáveis momentos para botar a conversa em dia e não cair na armadilha do consumo desenfreado de coisas, lugares e achismos.
Os visitantes são outros.
Fico feliz em poder passar com vocês esses momentos.
Artigo publicado no Jornal Fato em Foco do dia 17 de janeiro de 2014.