sexta-feira, 28 de junho de 2013

Prioridades

O prefeito municipal admitiu hoje (28 de Junho de 2013 em entrevista a rádio local) um gasto direto da Prefeitura na Festa do Caminhoneiro de um valor em torno de R$ 25.000,00 a R$ 30.000,00.

Mas acenou que a Câmara de Vereadores pode ajudar também. Segundo informações de vereadores isso é possível porque nosso legislativo dispõe atualmente de mais de meio milhão de reais em caixa.

Pouca gente sabe disso.

E as manifestações de nosso lideres de executivo e legislativo sobre o momento que o Brasil vive são patéticas e hipócritas: dizem que "o povo esta cansado de ser enganado, enrolado"... ora, ora, como se Três Cachoeiras fosse um belo exemplo. Esqueceram suas promessas? Só lembram de festa? E o resto?

Enquanto dinheiro para festa tem, necessidades básicas não são atendidas.

Senhores gestores, andem pelas ruas do município e ouçam os moradores.

E vejam, entre outros problemas, o exemplo da rua Olívio Nunes Cardoso no Santo Anjo:


Maravilha de rua!

Para festa têm!

Mas o que é mesmo prioridade para os gestores municipais?




segunda-feira, 24 de junho de 2013



CPI da “Patrola”: protesto!
Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História


Até que enfim alguns brasileiros estão usando o “feicibúqui” para algo útil: as manifestações pelo Brasil a fora é prova disso. Segundo os conservadores, nas grandes cidades sempre tem um bando de jovens que não tem o que fazer. Aí vão para rua fazer baderna e protestar pelo que nem sabem! Para os conservadores nosso país é perfeito. Pra eles. O resto que se dane!

Para o sociólogo espanhol Manuel Castells o modelo de democracia representativa já era. Reafirmou isso no “Fronteiras do Pensamento”, ciclo de conferências anual que reúne a “elite intelectual” do Rio Grande do Sul (ocorre em outras cidades também). Segundo Castells, o sentimento de indignação e revolta diante de uma injustiça provoca a articulação das pessoas pelas redes. Já que nossos “representantes” não nos representam o que resta é protestar.

A cidade de Três Cachoeiras não é um grande centro urbano, é verdade. Mas seus cidadãos tem a disposição os meios necessários para participar autonomamente. O difícil é fazer circular informação útil nas redes sociais. Como as decisões e movimentos políticos, por exemplo. A CPI da “Patrola” é um desses casos encobertos. Custou a sair. Foi instalada essa semana. Pela regra deve ter 3 ou 5 membros. E ter representação de todos os partidos. Nossa Câmara de Vereadores tem os seguintes partidos: PP, PTB, PMDB, PDT E PT. A opção foi por 5 membros. Assim, como temos 5 partidos diferentes no legislativo, deveria ser composta por um vereador de cada partido. Deveria! Apareceu um parecer jurídico descabido e enrolado. O PT ficou de fora. Os ditados populares são sempre atuais: “quem não deve não teme”.

Como a “cidade que pode mais” é “perfeita” usam as redes sociais para, na maioria das vezes, tolice. Fazer circular informação que interessa e fiscalizar a política e suas determinações é bobagem. O legal é fazer circular “fotinhos”, “curtir” babaquices, xingar, despejar raiva e ignorância. Como instrumento útil de mobilização social e divulgação de verdades pouco é usado. Passar da indignação pessoal à ação coletiva é um processo de comunicação. E as redes estão aí também para isso. Mas não pode ficar apenas no virtual. Tem que aparecer nos espaços públicos. Conclui Castells que “se querem modificar políticas, não basta somente as críticas na internet. É preciso tornar-se visível, desafiar a ordem estabelecida e forçar o diálogo”.

terça-feira, 18 de junho de 2013

A força dos indignados do Brasil
Por Juremir Machado da Silva

O Brasil está na rua e muita gente nada está entendendo.

Por que um país com déficit de hospital deve financiar estádios de futebol?

Por que mesmo para os estádios privados um país com falta de leitos em hospitais deve emprestar dinheiro público a juros camaradas e indecentes?

Por que um país aceita mudar suas leis para contentar a Fifa?

Por que um país que não pode manter as passagens de ônibus acessíveis à maioria da população gasta dinheiro para se “promover lá fora”?

Boa parte da mídia não está entendendo os nossos indignados.

As críticas ao vandalismo dos manifestantes são uma maneira de esconder o vandalismo do aumento das passagens, a violência das polícias e a imoralidade das transferências de recursos públicos para empreiteiras e empresários.

A presidente Dilma foi vaiada em Brasília por ser conivente com isso.

A direita acha que é saudade dos tucanos.

Está enganada.

Os indignados querem andar para frente.

O Brasil está vivendo um grande embate entre progressistas e conservadores.

Os conservadores estão por trás do projeto de lei dos nascituros, da tentativa de impedir a demarcação das terras indígenas, da lei de internação involuntária, sem aval de um juiz, de consumidores de drogas, da investida contra as atribuições investigativas do Ministério Público, das manobras para flexibilizar a lei da Ficha Limpa e de muita coisa desse gênero.

Os conservadores estão em todos os partidos, inclusive no PT.

Todos com aval da boa parte da mídia.

Conservadores recorrem à velha retórica macartista contra a “terrorista”.

Seria cômico não fosse trágico.

Nas ruas, os indignados não sentem falta da ditadura militar. Querem é mais democracia. Por que não podem se manifestar sem enfrentar balas de borracha? Por que devem apanhar? Por que devem ser dispersados?

Há relatos de ações provocativas de policiais à paisana quebrando o mobiliário urbano para colocar a culpa nas costas dos indignados e justificar a repressão.

Meio século depois, os indignados querem completar as reformas de base de Jango. E, mais uma vez, os conservadores querem impedir esse avanço.

Em 1964, parte da esquerda tentou moderar os desejos da massa.

Hoje, o PT, instalado no poder, não sabe o que fazer com tantos indignados.

E em muitos lugares, como em São Paulo, manda reprimir duramente.

Os indignados estão certos.

Estão cansados de esperar uma explicação: por que há dinheiro para estádios de futebol e não para hospitais, escolas e passes livres de transporte público?

O que o Brasil vai ganhar enriquecendo a Fifa?

Para que servirá o elefante branco que é o estádio Mané Garrincha?

O povo não é bobo, não acredita mais na Globo, dizem muitos jovens.

Nem na parceira da Globo com o governo do PT.

Nem na falta de explicações dos governos.

Nem nas planilhas das empresas de ônibus.

A violência dos indignados é um sintoma: sinaliza uma insatisfação que já não pode ser contida, não pode ser abafada, não pode ser ignorada.

Uma democracia não pode ser vivida como paz dos cemitérios.

A direita adoraria estar em 1964 para dar um golpe a silenciar a indignação.

Desta vez, seria certamente pisoteada.

Que tempos!

A esquerda financia o “crack” do povo.

Assim como Médici, o mais hediondo e violento ditador brasileiros de todos os tempos, usava o futebol como ópio da massa em 1970.

Pra frente, Brasil!





Sociedade justa
Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História


Vivemos numa sociedade injusta. Alguns precisam se esforçar para enxergar o óbvio. É a tal da nuvem. Quando aparece um livro bom, que nos ajuda a clarear as coisas, pouco circula. Além da miséria material, a miséria intelectual campeia solta. É mais fácil controlar povo “burro”. Mas vale a referência: “A sociedade justa e seus inimigos” (Tomo Editorial, 2012) organizado por Antonio David Cattani (Doutor - Professor de Sociologia, UFRGS) e Marcelo Ramos Oliveira (Auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil).

Discutir que a riqueza concentrada é um dos fundamentos da injustiça e contribui para naturalizar a dominação e a subserviência não interessa aos privilegiados. Segundo Cattani, brasileiros endinheirados possuem milhares de residências em Miami, apartamentos de luxo em Londres e Paris e gastam numa noite num cassino de Punta del Este o equivalente à folha de pagamento de centenas de assalariados.

Riqueza está sempre associada às realizações bem-sucedidas, ao talento e ao mérito; seguindo essa lógica, os ricos fizeram por merecer sua posse: “você tem, você merece”. Será verdade? Para os autores, uma das fontes de riqueza no Brasil é o sistema tributário. Os governos cobram cada vez mais impostos indiretos (sobre o consumo) e negligenciam o tributo direto (sobre o lucro). Assim, quem paga mais são os mais pobres. Isso é injustiça fiscal pura.

No Brasil não existe só bolsa família. Existe também a “bolsa rico”. Parcela significativa da dívida externa é de propriedade de capitais brasileiros irregularmente desviados para o exterior e depositados nos paraísos fiscais, que voltam para o Brasil para serem aplicados a juros maiores e sem pagamento de IR (Imposto de Renda) sobre o lucro. O Equador fez uma auditoria sobre a dívida: além de diminuir os valores, 5% dos credores simplesmente nunca apareceram. Coisa de presidente que não tem o que fazer.

Pessoa Física não paga IR na distribuição de lucros de empresas. Mas qualquer trabalhador que ganha mais que três salários mínimos paga. Para os autores, “no Brasil as pessoas podem ficar ricas sem pagar impostos”. E ainda, existem os Paraísos Fiscais. Estudo do FMI estima que apenas as Ilhas Cayman mantinham depósitos da ordem de US$1,7 trilhão no final de 2008. A Previdência é outro fator de desigualdade. Concluem que justiça social se faz com corte de privilégios, Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF) que é previsto na Constituição Federal, auditoria da dívida, tributação progressiva, revisão da legislação, fim da Guerra fiscal entre Estados, controle de capitais entre outros mecanismos. Vale a leitura.

Artigo publicado no Jornal Fato em Foco no dia 14/06/2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013


Legislar (des)educa?
Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História


Nossa Câmara de Vereadores é original na região. Essa semana se renovou. Quer dizer, mais ou menos. Um é novidade no legislativo. Já o outro é velho conhecido. Deu empate. Mas são novos atores. O povo gosta do novo. Mesmo que seja velho. É a regra de mercado. Assim, ouvir uma sessão da Câmara pelo rádio já é bom. Agora, assistir pessoalmente é emocionante.

A final, nosso legislativo municipal educa ou deseduca? Nossos legisladores são educados ou mal educados. Há controvérsias! Em tese, além de legislar e fiscalizar, a Câmara de Vereadores é um lugar de fomento à educação em seus múltiplos sentidos. Elenco dois fundamentais: primeiro a educação escolar de ensino e pesquisa; segundo a educação no sentido de ser educado, polido, cordial, ser honesto e por aí vai.

Os observadores atentos conhecem nossos representantes. Mas ao vivo presenciamos cenas apaixonadas e grotescas. As trocas de olhares, as provocações. Ah, a participação da plateia não é possível. Mas sempre se ouve piadinhas, comentários em voz baixa. No andar dos discursos acalorados escapa um “mentiroso” mais alto. Opa! Um instante de silêncio. Será uma simples manifestação ou má educação pura?

Arrisco a dizer que é falta de educação. Não aprenderam em casa. E na casa do povo os “arautos da verdade absoluta” são estimulados. Como? Entra em cena o Senhor “Lâmpida”, estufa, bate no peito e diz: “não é perciso estudo pra cê vereadô”. É um belo exemplo! Os espectadores ficam atônitos. Não sabem o que pensar por um momento. Coçam a cabeça! Exclamam e dizem baixinho: “é, tem muita escola mesmo, pra cê rico estudá é bobagê. Olha lí o fulano, o empresário matudo, não estudô e é rico”.

O capítulo foi extenso. Antes o Senhor “Múmia” se apresentou. Pela sua fala, educação parece não ter muita importância também. Títulos sim. Ainda, se não fosse ele não existiria nada, nem Prefeitura, nem Câmara de Vereadores, prédios, casas... Ou seja, parece ter sido o inventor da cidade. Mas isso rende outra reflexão oportunamente.

Além dos novos personagens, mais uma novidade: o pedido de abertura de CPI (comissão parlamentar de inquérito) por parte da oposição para averiguar o que ouve realmente no episódio da “patrola” em terreno de particular. E a situação de plantão, como sempre, enrolando o tempo todo. É dura a vida de quem tenta sustentar o insustentável. O Senhor “Coronelzinho”, malandro boa pinta intitulado, fala e nem suas palavras se entende. E a Sra. Bombril não fica nem constrangida, mas com calor. A temperatura aumentou, chega por hoje.