quinta-feira, 6 de junho de 2013


Legislar (des)educa?
Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História


Nossa Câmara de Vereadores é original na região. Essa semana se renovou. Quer dizer, mais ou menos. Um é novidade no legislativo. Já o outro é velho conhecido. Deu empate. Mas são novos atores. O povo gosta do novo. Mesmo que seja velho. É a regra de mercado. Assim, ouvir uma sessão da Câmara pelo rádio já é bom. Agora, assistir pessoalmente é emocionante.

A final, nosso legislativo municipal educa ou deseduca? Nossos legisladores são educados ou mal educados. Há controvérsias! Em tese, além de legislar e fiscalizar, a Câmara de Vereadores é um lugar de fomento à educação em seus múltiplos sentidos. Elenco dois fundamentais: primeiro a educação escolar de ensino e pesquisa; segundo a educação no sentido de ser educado, polido, cordial, ser honesto e por aí vai.

Os observadores atentos conhecem nossos representantes. Mas ao vivo presenciamos cenas apaixonadas e grotescas. As trocas de olhares, as provocações. Ah, a participação da plateia não é possível. Mas sempre se ouve piadinhas, comentários em voz baixa. No andar dos discursos acalorados escapa um “mentiroso” mais alto. Opa! Um instante de silêncio. Será uma simples manifestação ou má educação pura?

Arrisco a dizer que é falta de educação. Não aprenderam em casa. E na casa do povo os “arautos da verdade absoluta” são estimulados. Como? Entra em cena o Senhor “Lâmpida”, estufa, bate no peito e diz: “não é perciso estudo pra cê vereadô”. É um belo exemplo! Os espectadores ficam atônitos. Não sabem o que pensar por um momento. Coçam a cabeça! Exclamam e dizem baixinho: “é, tem muita escola mesmo, pra cê rico estudá é bobagê. Olha lí o fulano, o empresário matudo, não estudô e é rico”.

O capítulo foi extenso. Antes o Senhor “Múmia” se apresentou. Pela sua fala, educação parece não ter muita importância também. Títulos sim. Ainda, se não fosse ele não existiria nada, nem Prefeitura, nem Câmara de Vereadores, prédios, casas... Ou seja, parece ter sido o inventor da cidade. Mas isso rende outra reflexão oportunamente.

Além dos novos personagens, mais uma novidade: o pedido de abertura de CPI (comissão parlamentar de inquérito) por parte da oposição para averiguar o que ouve realmente no episódio da “patrola” em terreno de particular. E a situação de plantão, como sempre, enrolando o tempo todo. É dura a vida de quem tenta sustentar o insustentável. O Senhor “Coronelzinho”, malandro boa pinta intitulado, fala e nem suas palavras se entende. E a Sra. Bombril não fica nem constrangida, mas com calor. A temperatura aumentou, chega por hoje.