segunda-feira, 24 de junho de 2013



CPI da “Patrola”: protesto!
Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História


Até que enfim alguns brasileiros estão usando o “feicibúqui” para algo útil: as manifestações pelo Brasil a fora é prova disso. Segundo os conservadores, nas grandes cidades sempre tem um bando de jovens que não tem o que fazer. Aí vão para rua fazer baderna e protestar pelo que nem sabem! Para os conservadores nosso país é perfeito. Pra eles. O resto que se dane!

Para o sociólogo espanhol Manuel Castells o modelo de democracia representativa já era. Reafirmou isso no “Fronteiras do Pensamento”, ciclo de conferências anual que reúne a “elite intelectual” do Rio Grande do Sul (ocorre em outras cidades também). Segundo Castells, o sentimento de indignação e revolta diante de uma injustiça provoca a articulação das pessoas pelas redes. Já que nossos “representantes” não nos representam o que resta é protestar.

A cidade de Três Cachoeiras não é um grande centro urbano, é verdade. Mas seus cidadãos tem a disposição os meios necessários para participar autonomamente. O difícil é fazer circular informação útil nas redes sociais. Como as decisões e movimentos políticos, por exemplo. A CPI da “Patrola” é um desses casos encobertos. Custou a sair. Foi instalada essa semana. Pela regra deve ter 3 ou 5 membros. E ter representação de todos os partidos. Nossa Câmara de Vereadores tem os seguintes partidos: PP, PTB, PMDB, PDT E PT. A opção foi por 5 membros. Assim, como temos 5 partidos diferentes no legislativo, deveria ser composta por um vereador de cada partido. Deveria! Apareceu um parecer jurídico descabido e enrolado. O PT ficou de fora. Os ditados populares são sempre atuais: “quem não deve não teme”.

Como a “cidade que pode mais” é “perfeita” usam as redes sociais para, na maioria das vezes, tolice. Fazer circular informação que interessa e fiscalizar a política e suas determinações é bobagem. O legal é fazer circular “fotinhos”, “curtir” babaquices, xingar, despejar raiva e ignorância. Como instrumento útil de mobilização social e divulgação de verdades pouco é usado. Passar da indignação pessoal à ação coletiva é um processo de comunicação. E as redes estão aí também para isso. Mas não pode ficar apenas no virtual. Tem que aparecer nos espaços públicos. Conclui Castells que “se querem modificar políticas, não basta somente as críticas na internet. É preciso tornar-se visível, desafiar a ordem estabelecida e forçar o diálogo”.