sexta-feira, 21 de agosto de 2015

        Eu fui!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Na última terça-feira, 18 de agosto, eu fui à manifestação histórica do funcionalismo estadual. Estava lindo de ver. Emocionante! Arrepiante! Estimulante! Foi um longo e cansativo dia, mas saí/saimos de alma “lavada”.
            Foi histórico pela quantidade de servidores e de categorias que reuniu. Mais de quarenta entidades representativas dos servidores públicos estaduais apenas do poder executivo. O recado ao senhor governador foi dado. E bem dado.
            O fato novo é a greve unificada das categorias que foi costurada com antecedência para ser um movimento que realmente dê repercussão. Mas é claro, na RBS você vai ver muito pouco. Sugiro, entre outros meios, sul21.com.br para se informar com mais qualidade.
            Por um lado, o ato e a greve de três dias já fizeram Sartori sair um pouco da paralisia. A secretaria da Fazenda começou a se mexer esta semana indo atrás de inadimplentes e sonegadores. Isso nós já sabíamos. Só o gringo que não!
            De outra parte entra em cena o judiciário. Está “avaliando” se divide os juros dos depósitos judiciais com o poder executivo. A pressão está pegando?! Para não mexer em seus privilégios o judiciário dá uma de “solidário”. Mas é só para “inglês ver”.
            No entanto, o que Sartori mais quer é aumento de imposto via ICMS. Na campanha eleitoral prometeu que não faria isso. Qual o adjetivo para esse tipo de atitude? Merece, no mínimo, mais um apelido: Pinóquio!

            Acompanhe os projetos que estão em pauta na Assembleia Legislativa. No que se refere ao aumento de impostos faça bem as contas. Por exemplo: uma das propostas de Sartori é elevar a alíquota de ICMS da energia elétrica, telefonia, combustíveis, entre outros, de 25% para 30%. Nesse caso o aumento não vai ser de apenas de 5%, mas sim de 20%! Insisto: dinheiro nunca faltou. Com esse aumento então...! 
        Eu não vou!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            No próximo domingo, dia 16 de agosto, eu não vou às ruas. Entre outros, compartilho dez motivos que não me motivam a participar desses atos:
            1º: não tenho “ervilha” no cérebro;
            2º: não sou golpista;
            3º: por honestidade intelectual, não apoio movimentos de direita, reacionários e golpistas como esse está prometendo ser;
            4º: não compartilho movimento em que muitas pessoas participantes defendem que sonegação não é corrupção;
            5º: não participo de movimentos apoiados por grupos de comunicação que alienam a sociedade;
            6º: não compartilho ódio;
            7º: não participo de movimento que combate a corrupção só de alguns; de outros tudo bem;
            8º: não ando de mãos dadas com os donos do poder ou com “classe sei lá o que” manipulada por esses;
            9º: não vejo problema em registrar CPF nas notas e cupons fiscais; por isso não posso – por questão ética – participar de movimento junto com muitas pessoas que tem pavor desse procedimento por que provavelmente não declaram “tudo” em seus impostos de renda;
            10º: tenho coisa melhor e mais útil para fazer.
            Uma delas pode ser uma leitura. Que tal Noam Chomsky? Qualquer texto ou entrevista dele. Digita no seu buscador e poderá ler coisas assim: “A população geral não sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe”.

            Pode procurar ainda por Bertold Brecht? De cara encontrarás uma de suas passagens mais conhecidas: “O pior dos analfabetos é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos... O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil, que de sua ignorância política, nascem a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e corruptor...”.
        Sartori é uma piada de mau gosto

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Desde a eleição de 2014 o atual Governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori tem se mostrado um ótimo piadista. De mau gosto. Lembra do “piso do Tumelero”, quando fazia referência ao piso do magistério?
            Pois é, falta de aviso não faltou. Já na eleição Sartori (PMDB) debochava dos professores e, por incrível que pareça, muitos “mestres” votaram nele. O que tem de “cérebro de ervilha” no magistério não é mais surpresa.
            Agora, com o atraso de salários muitos se revoltaram. Ou seja, precisava alguém mexer no bolso da turma para acontecer alguma coisa. Já escrevi aqui outras vezes e volto a afirmar que o RS não está “quebrado” como quer fazer parecer Sartori.
            O atraso de salários foi cirúrgico. Servidores públicos estaduais da justiça, ministério público, procuradoria geral do estado, defensoria pública e do legislativo receberam integralmente seus pagamentos. Sartori escolheu os que mais ganham para pagar em dia. E não me venham com essa história de independência de poderes. A fonte é a mesma. E os privilegiados também.
            O que deve ficar claro são as intenções de Sartori e do PMDB. Sartori é um piadista de mau gosto a serviço dos empresários do RS. É uma marionete. E está fazendo um bom trabalho plantando o caos e colocando a população contra uma parte do funcionalismo. É um projeto bem claro que conta com o apoio, e não poderia faltar, do Grupo RBS que faz o papel de imprensa oficial do governo do estado. Todos os dias repete o mesmo mantra, o que é facilitado pelo auto índice de “cérebros de ervilha” espalhados pelos pampas.

            Resta saber no que vai dar. Propositalmente Sartori está provocando o caos. Sartori quer greve. Quanto pior melhor para fazer do estado o mínimo possível. O PMDB é o “vendilhão” do RS. Não sei o que é pior: aguentar “cérebro de ervilha” ou as piadas imbecis do “gringo”. 
        O PMDB atrasa o RS?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Alguém tem dúvida de que o PMDB atrasa o Rio Grande do Sul? Eu não! Não nos esqueçamos do Brito, do Rigotto, entre outros.
            Parece que não dá para entender tanta diferença entre o PMDB do Rio Grande do Sul e o PMDB de Santa Catarina e do Paraná. Aqui o pessoal do PMDB quer privatizar tudo o que puderem. Por lá parece diferente. Inexplicável? Não!
            É que o PMDB do RS é um dos legítimos representantes da direita, portanto da elite e dos grandes empresários, tanto da indústria, do comércio e da mídia. É descarada a sustentação que o grande grupo de comunicação “Rede Baita Sol” está dando ao governo Sartori.
            Mas onde andam os mais de 60% de eleitores/as que deram um “cheque em branco” para o “Gringo”? Será que boa parte dos gaúchos sofrem de algum distúrbio psíquico e são adeptos do sadomasoquismo? Ou seja, gostam de sofrer? É um Estado realmente de “façanhas”! Tomará que essa não sirva a outro ente federado!
            O que está em jogo não é se o Estado do Rio Grande do Sul está ou não está “quebrado”. O que está é uma visão de sociedade onde o que é público deve ser fortalecido em detrimento da maioria ou deve ser diminuído e entregue ao lucro de poucos.

            O discurso de “Estado quebrado” pode convencer míopes ou bajuladores interessados. Como se justifica falta de dinheiro quando, em relação ao funcionalismo estadual, as categorias que tem os mais altos salários recebem aumentos generosos? Sartori já autorizou aumentar o próprio salário, do vice-governador, de secretários, de juízes, de desembargadores, de deputados estaduais entre outros. Mas para servidores da saúde, segurança e educação (e do poder executivo em geral) não tem. E ainda joga a sociedade contra o funcionalismo. É o PMDB novamente governando o RS. Viva o atraso!
        Verdades papais

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            A música do Engenheiros do Havaí, “o Papa é pop,” é atual. Composta ao tempo do Papa João Paulo II, que era “pop”, cai como luva para o Papa Francisco. Este também é “pop”. É “pop” de popular, de povo, de social. Por isso fala verdades do mundo real da maioria das pessoas que passam dificuldades, são dominadas e exploradas. Sou fã do Papa Francisco!
            São verdades conhecidas. Eu falo e escrevo muitas delas. E você, caro leitor, provavelmente as conhece também. O problema é que somos, eu e você, reles mortais. Já o Papa é o “Papa”. E esse parece não ter “papas” na língua. Ou você duvida do que o papa diz?
Em recente visita à Bolívia o Papa Francisco soltou vários verbos como vem fazendo em outras oportunidades. Uma das verdades que falou: “A ambição desenfreada pelo dinheiro... é o esterco do diabo”. É uma metáfora genial. O lucro e o dinheiro não podem mandar nas pessoas. O capital deve servir ao ser humano e não o contrário. É disso que falo quando lembro o baile de R$ 380,00 numa noite. Pode ser uma síntese da avareza: lucrar explorando para viver experiências luxuriosas! É o orgasmo dentro da lógica capitalista!
Outra verdade lembrada pelo Papa: o monopólio da informação, ou melhor, da desinformação. O foco dos canais e meios de comunicação dominantes – em sua maioria esmagadora – não é a informação imparcial. É manipulação das informações de acordo com sua visão de mundo ou de seus patrocinadores, sempre dentro da lógica da dominação e domesticação. Criar consumidores alienados e mantê-los assim. Cidadania não interessa à ordem do capital. Pessoas que pensam muito menos.

A luta por uma sociedade mais justa e humana é permanente. Tem muitas pessoas lutando por isso. Três Cachoeiras esteve representada na Bolívia pela Anelise Becker, uma militante dessas causas nobres. Temos muitas pessoas do bem a nossa volta. Basta enxergarmos.
        Quantidade ou qualidade?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Por esses dias debati muito com um colega sobre os conceitos quantidade e qualidade. Aprendemos muito. Virou até plano de aula. De qualidade.
            No entanto, qualidade muitas vezes fica só no discurso bonito. Na prática, a maioria das pessoas se preocupa mais com a quantidade. São visões de mundo.
            Evidente que muitas vezes é preciso equacionar as duas coisas para obter melhores resultados. Podem andar juntas. Mas isso parece ser cada vez mais raro.
            Exemplo: uma visão quantitativa da violência defende que simplesmente reduzir a maioridade vai resolver o problema; de outro lado, sob um olhar qualitativo, a mazela da violência é um problema de desigualdade social. Ao invés de perguntar se você é a favor ou contra a redução da maioridade penal poderiam lhe perguntar se você é a favor ou contra a desigualdade social. Ou então, você é a favor ou contra um baile de R$ 380,00 (metade de um salário mínimo numa noite) enquanto têm pessoas passando necessidades o mês inteiro.
            No trato da coisa pública a mistura vai além. A visão predominante é a de que quantidade é que faz qualidade. Isso pode estar mudando. Segundo nosso guia municipal sua administração está realizando muitas obras e comprando muitos carros. Olhando assim pela quantidade pode ter fundamento. Mas se olhar a qualidade! Casca de asfalto se desmanchando; calçamentos com economia de material, mal projetados, mal executados, sem fiscalização que abrem crateras na primeira chuva; aquisição de carros para carregar pessoas sem investir em saúde preventiva e básica?
            Pelo menos nosso guia municipal está mais realista. Com o anuncio de que não concorrerá à reeleição está admitindo o óbvio: que sua administração é um fracasso. Questão de qualidade! A velha política da quantidade parece não estar dando mais conta. Ufa! Antes tarde do que nunca!

             
        Fechem os olhos!

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Está proibido abrir os olhos em Três Cachoeiras! Como assim? Isso mesmo. Segundo a direita reacionária da cidade é melhor fechar os olhos do que debater o mundo real. Com a “operação quem grita mais” nas redes, nas ruas e nas ondas, o conservadorismo e o sectarismo falaram mais alto outra vez.
            E precisou um empurrãozinho de alguém de fora. Parece mania de inferioridade. Tudo ou quase tudo que vem de fora é melhor. Para os chamados “lideres religiosos” da cidade pode ser “que santo de casa não faça milagre”. Opa! Quem acredita em santo? Todo cristão acredita?
            Parece receita de bolo: junte um forasteiro “direitoso” (provavelmente a mando de alguém) com míopes religiosos fanáticos ou lunáticos sem abertura para o debate e muito menos conhecimento de causa; adicione uma pitada de manipulação e alienação usando concessões radiofônicas públicas; para o “gran finale” decore com o “vírus Bolsonaro”. Tá feito o “bolo”!
            Pelo menos com esse “bolo” algumas figuras saíram do armário. Quem realmente serão os travestidos? Apenas os que querem mudar de sexo? Ou aqueles que se travestem de “bons” cidadãos, mas que na vida real..., enfim, deixa pra lá!
            Sem falar dos sem noção, dos malandros e aproveitadores. Nesses quesitos nossos legisladores municipais continuam muito bons. Pra eles. Sempre contando com novidades. Agora o camundongo se autodeclarou procurador jurídico de Deus. Com D maiúsculo para não se correr o risco de um processo. E para os “lideres religiosos” não se sentirem ofendidos.
            Quem vive no mundo real das diferenças, do humanismo, da honestidade e do livre pensamento pode tomar algum susto de vez em quando. Só falta a fundação de um partido fascista na cidade que pode mais. E que essa história de estado laico, ou seja, separação de religião e estado brasileiro é uma grande piada. Será que só tem 5% da população trescachoeirense de olhos abertos?

            
        Crise, que crise?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Tem coisas que não fecham. As pessoas que assistem os canais comerciais de televisão predominantes acreditam que a crise “tá feia”. Não sabem explicar muito. Mas repetem o que a mídia golpista receita.
            Como a moda pega, Três Cachoeiras não pode ficar atrás. Até batedores de panela temos por aqui. Pode ser símbolo de identificação de classe. Dá “status” morar em apartamento. Nas alturas há a possibilidade de se enxergar mais o horizonte. O problema é qual se quer ver.
            O que se vê não sabemos muito. Agora ouvir..., é muita choradeira. De gente grande! Em nossa cidade também se fala muito em crise. Mas não é o que parece. Ande num sábado pela manhã e verifique os comércios ligados ao caminhão: oficinas mecânicas, apara barros, auto elétricas, etc. A grande maioria fechados. Que crise é essa? Onde está a crise? É crise só para caminhoneiro? É só para autônomo?
            Jovens do sexo masculino continuam escolhendo emprego. Fica desempregado quem quer, anunciam muitos. Mas e a crise? Não está provocando desemprego? Em que lugar?
No entanto, a chiadeira segue. O empresariado trescachoeirense em geral reclama de quase tudo. E da crise! Parece uma senhora onipresente. Os impostos são muitos e altos, reclamam. E a corrupção! Dizem que foi inventada pelo PT. Que a crise é culpa do PT, enfim, mesmo que não seja, qualquer coisa que aconteça de ruim a culpa é do PT. E a sonegação de impostos, que é pura corrupção, parece que ninguém conhece por aqui. Vão além, dizem que se existe em algum lugar, é para se defender do governo. Nota fiscal pela metade, quando tem, nunca ouviram falar!

Nesse mesmo sábado, dê uma verificada também em algumas lojas do centro que vendem produtos mais requintados. O mercado de luxo só aumenta. Nesse mesmo dia confira se tem um baile de casal ao preço módico de R$ 380,00. Metade do salário mínimo. Crise, que crise?
        Peões diplomados

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Muitos jovens brasileiros disputam uma vaga no tal mercado de trabalho. Em momentos de recessão econômica planejada, como a que estamos entrando, essa tarefa fica mais difícil.
            Nas grandes cidades, principalmente, entra em cena as seleções. E, invariavelmente, além de outros critérios, o empregador usa o quesito escolaridade para escolher o futuro trabalhador. Não que seja de fato necessário esse ou aquele nível escolar. Muitas vezes facilita a escolha por que diminui o número de concorrentes.
            A exigência do Ensino Médio (antigo Segundo Grau) virou lugar comum para selecionar. Alguns cursos de nível médio técnico facilitam a empregabilidade posterior. Mas isso não é regra. Vale para alguns cursos.
            Embora o Ensino Médio seja um gargalo no sistema educacional brasileiro, alguns passos foram dados na questão quantidade. Mas como geralmente na educação nacional quantidade e qualidade não andam juntas, outro problema aparece...
            Mas para quê serve o Ensino Médio? Tentando responder essas e outras questões, o Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura da última segunda-feira, disse que esse nível da Educação Básica tem que melhorar. No entanto, afirmou que o Ensino Médio não pode ser apenas um curso “preparatório” para o ENEM. Além disso, tem que formar para a vida. Será que isso está acontecendo?
            Alguns professores defendem que o Ensino Médio deve servir a este fim prioritariamente. Por isso os estudantes devem estudar o maior número de conteúdos possível para enfrentar o ENEM, mesmo que a maioria desses conteúdos/conhecimentos sejam pouco significativos para a vida diária.
            Visões a parte, a elevação da escolaridade da população brasileira é sempre bem vinda. Esperamos que a qualidade ande junto à quantidade na educação superior também. Ou, obedecendo ao “senhor mercado”, a intenção é apenas transformar os “peões” em “peões diplomados”? Nesse processo, quais os papéis do Ensino Médio e do ENEM?    

            
        O óculo novo da professora

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            A professora estadual conseguiu trocar o óculo. Para fugir da agiotagem oficial, parcelou no “banricompras”, pois acredita que não tem juro. É o jeito. Tem que cuidar para não cair no limite e “rezar” para não precisar de empréstimo. Daí a coisa fica feia. Para o “banco dos gaúchos” quanto menos os professores ganharem melhor. Empresta mais e ganha mais. O magistério estadual é uma fonte inesgotável de lucro.
            Com o óculo novo foi olhar os contracheques. Fez as contas, já que aprendeu bem matemática, especialmente a matéria de porcentagem, e constatou que de 2011 à 2014 as reposições e reajustes somaram 76%. Logo, deu uma média de 19% nos últimos quatro anos.
            Para comparar pegou os contracheques de 2007 à 2010, período em que o PMDB apoiava o governo do PSDB. Agora que está enxergando bem quase tomou um susto. Não deveria. Isto se deve, provavelmente, ao desgaste das longas jornadas de aulas. A memória às vezes falha. Mas foi às contas para confirmar. Naqueles quatro anos a soma das reposições não chegou a 7%. Menos de 2% ao ano.
            No entanto, a memória recente não lhe fugiu ainda.  Começou a pensar nas medidas dos primeiros dias do governador Sartori. Reajuste do próprio salário, do vice, dos secretários, dos deputados estaduais, do judiciário (Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública), justo aqueles que mais ganham. Questão de prioridade.
            E vendo a “choradeira” de Sartori sobre a falta de dinheiro, começou a dar-se conta da empulhação. “Para quem ganha mais tem dinheiro, para o resto um nariz de palhaço de presente”, exclamou.

            Não são apenas os olhos que são agredidos. Os ouvidos também. Ouve-se de vez em quando o mito do Rio Grande do Sul ser ainda o Estado mais “politizado” da nação. É de doer! Parabéns aos gaúchos e gaúchas, e em especial as professoras(os), por terem escolhido de novo o PMDB. Quem ensina deveria saber o que é aprendizado! Abram os braços, à moda Sartori, e fiquem esperando quatro anos! Será que dessa vez irão aprender?
        O PMDB, o óculo e a professora

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            O mercado óptico tem crescido muito. “Nunca na história desse país” se vendeu tanto óculo. Mas parece que a maioria é falsificado. Anda “ofuscando” a visão de muita gente! É claro que não devemos esquecer que a visão do ser humano – e consequentemente daquilo que se quer enxergar – está diretamente relacionado com a capacidade e o alcance de seu pensamento.
            O PMDB parece contribuir para o uso de “óculos piratas”. O partido atual é oriundo da bipartidarização da Ditadura. Até a abertura democrática de meados da década de 1980 dois partidos dominavam: a ARENA, partido oficial que dava sustentação aos militares, e o MDB, que “fazia de conta” que era oposição. Acostumou-se com os bastidores do poder.
            Com a redemocratização não largou mais “o osso” federal. Sarney foi presidente de 1985 à 89. O PMDB esteve junto com Collor de 1990 à 92. Quando este foi cassado, seu vice Itamar Franco assumiu pelo PMDB até 1994. De 1995 à 2002 o PMDB esteve abraçado com Fernando Henrique Cardoso. E em nome da “governabilidade” está desde 2003 até hoje de “mãos dadas” com o PT.
            No Rio Grande do Sul, a partir da redemocratização, o PMDB teve Pedro Simon como Governador até 1990. Antônio Britto governou de 1995 à 98. De 2003 à 2006 foi a vez de Germano Rigotto. O PMDB apoiou Yeda Crusius do PSDB de 2007 à 2010. E agora voltou com Sartori.

            Lembrando-se desse “ad aeternum” do PMDB no poder e sua volta com Sartori, uma professora estadual começou a comparar seus contracheques desde o tempo do Simon. Fez uma comparação simples. Somou as reposições salariais autorizadas por Simon, Britto, Rigotto e Yeda. E comparou com o que foi recebido de 2011 à 2014. Numa primeira olhada pensou: preciso trocar o óculo! Continua.
        Noite da Jovem Guarda

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Em entrevista ao programa Direito & Literatura na TV Senado, o poeta gaúcho e “imortal” Carlos Nejar lembrou que a “civilização está ameaçada pela barbárie em termos culturais”. Em particular estava se referindo à literatura de “autoajuda” e à música “funk” e “sertaneja”, entre outros “modismos musicais” na cena nacional.
            Não vejo problemas nas diferentes formas de expressão, muito pelo contrário. Fico pensando é na “massificação” cultural patrocinada pela “midiocrização” da sociedade (usando expressão do Juremir Machado da Silva). Questão de consumo. A mídia dominante esforça-se para padronizar gostos e fabricar desejos.
            Mesmo com essa proximidade da “barbárie” há focos de resistência! Não sei por quanto tempo. “A Noite da Jovem Guarda” do último dia 16 me deixou esperançoso. É a segunda edição de um evento que atrai um público, diria assim, “diferenciado”, obviamente não sendo melhor que ninguém.
            A comunidade do Santo Anjo da Guarda em Três Cachoeiras insiste em ser vanguarda em alguns assuntos! Ô turma insistente! Ainda bem, porque é graças a essas pessoas incansáveis que podemos desfrutar de momentos muito agradáveis ao relembrar um pouco do “pop” nacional e internacional das décadas de 1960 e 1970.
            O evento contou com a apresentação “repaginada” de duas bandas que fizeram sucesso na região na época: Fórmula 1 Master Revival, tocando “pop rock”, e Embalo 5 tocando músicas da Jovem Guarda. Além dessas, se apresentou ao final da noite a Banda Eclipse tocando para gostos variados.
            Que esse tipo de evento se repita. Os “sessentões” e “cinquentões” agradecem! Alguns “quarentões”, “trintões” ou até “vintões” também! Parabéns aos organizadores do evento realizado em prol do Clube de Mães da comunidade. Esperamos outros momentos do gênero. Muitos ouvidos agradecerão.


        Noite de “cabrito”

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            A originalidade de Três Cachoeiras parece não ter limites. É muita criatividade. Sexta-feira foi reinventada e turbinada. Principalmente ao fim da tarde, entrando na noite se necessário. A noite vira quase uma festa. Aí até os “cabritos são pardos”. Dizem as boas línguas que existem “cabritos que podem mais” do que um cabrito qualquer.
Tem o “cabrito carregadeira”, conhecido popularmente como “cabrito patrola”. Esse parece um “bom bril”, faz quase tudo: carrega, espalha, faz buraco, limpa...
            Outro tipo é o “cabrito caçamba”. Geralmente age em parceria com o “cabrito carregadeira”. É uma dupla quase inseparável. Quando o “cabrito caçamba” é ajudado por seu parceiro, acontece um fenômeno curioso na frente de muitas casas ou terrenos: aparecem “montes” nesses lugares. Têm locais que banhados somem por causa desses montes que são feitos e espalhados pelos amigos. Mas não para por aí. O “cabrito caçamba” é capaz de transportar objetos variados, de entulho à mudança.
            Não menos conhecido é o “cabrito retroescavadeira”. É uma espécie multitarefa também. Abre buraco, valo, limpa aqui e ali, espalha... É muito requisitado no município, tanto no centro como no interior.
            É uma equipe que, ao que parece, faz hora extra sem custos ao cofre público da Viúva Municipal. Mas uma coisa não fecha: quem contrata os “cabriteiros” diz que o serviço é pago! Pago por quem? A Viúva Municipal não paga diretamente, mas seus pertences são usados com ou sem autorização? Ou com o consentimento de alguém?

            Mas isso deve ser mais uma dessas estórias da carochinha! “Todo mundo sabe que existe, mas ninguém vê nada, ninguém sabe de nada”. Nem mesmo a oposição – que deveria por obrigação fiscalizar – sabe alguma coisa. Afinal, daqui pouco mais de um ano e meio trocam os chefes e provavelmente estes mesmos podem precisar desses “caprinos”. Deve virar lenda! Ou já é?
        Indiferença

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Tem horas que é preciso ouvir mais e falar menos. Em outras é preciso conter a vontade de escrever e ler mais. Tantos assuntos para escrever. Afinal, o momento pelo qual nossa cidade, estado e país passa precisa ser acompanhado com muito cuidado. Muitas coisas importantes estão acontecendo, mas parece que muitas pessoas não estão nem aí.
            Em Educação e Compromisso, Moacir Gadotti lembra uma passagem de Antonio Gramsci, em La Cità Futura de 11-2-1917, muito atual:
“Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel, acredito que ‘viver significa tomar partido’. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
            A indiferença é peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador e a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e, ás vezes, os leva a desistir da gesta heroica (...).
            Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhe impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura, que estamos a construir (...).
            Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes”.

            Enrustidos, “duas caras”! Saiam de cima do muro! Seria isso que Gramsci queria dizer?
        Lavagem legal

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            A moda pegou. Parece que faz tempo. Temos nossa lavanderia oficial. Pode ser da “viúva municipal”. Será que por aqui se “lava” muito também? Eu sou ingênuo. Acreditava que lavagem significava limpeza. A lavagem da “lava jato” está mostrando o contrário.
            O Juremir Machado da Silva tem razão: quando um governante diz que tem que economizar, na prática ele gasta mais com o que não precisa. Para educação, segurança e saúde faltam recursos. Mas para lavagem? Afinal, o que é R$ 350.000,00! Quantia pífia! Um trabalhador que ganha salário mínimo de R$ 788,00 só tem que trabalhar trinta e sete anos (37) de sua vida para somar esse valor. Detalhe: não pode gastar nada.
            Mas, cá entre nós, caro leitor: “lavador” ser marido de secretária ou vice versa só pode ser mera coincidência. Bobagem. Nada haver. Só por que a “mulher legalidade” sabe como funcionam as licitações da “viúva municipal” e a empresa do esposo ganhou alguma! Pura impessoalidade! Intriga da oposição!
            Em agosto de 2013 escrevi “Como é gasto nosso dinheiro”. Levantei a “lebre” sobre a questão de “serviços”. Entre valores exorbitantes para “recuperação de HD” e “geometria e balanceamento” listei também o item “lavagem” de carro oficial que já naquela época custava a bagatela de R$ 168,000. Tudo legal!
            O caso “lava jato” tem mostrado aos mais atentos que as “malandragens” concentram-se principalmente no setor “serviços”. Quem da “viúva municipal” fiscaliza a quantidade de serviços de “lavagem” prestados pelas empresas em cena? Devemos confiar na impessoalidade entre o “marido lavador” e a “mulher legalidade”, que à noite, sem mais o que fazer, trocam figurinhas e prestação de contas de quantas “lavagens” foram feitas?

            Devemos ter mais uma CPI. Como se chamará? CPI da “Lavação”? Depois dos R$ 0,28 (vinte e oito centavos) a mais por litro de óleo diesel, se “comemora” 27 anos com “lavagem”.