Quantidade ou qualidade?
Eduardo
Mattos Cardoso eduardomattoscardoso@gmail.com
Por esses dias debati muito com um
colega sobre os conceitos quantidade e qualidade. Aprendemos muito. Virou até
plano de aula. De qualidade.
No entanto, qualidade muitas vezes
fica só no discurso bonito. Na prática, a maioria das pessoas se preocupa mais
com a quantidade. São visões de mundo.
Evidente que muitas vezes é preciso
equacionar as duas coisas para obter melhores resultados. Podem andar juntas.
Mas isso parece ser cada vez mais raro.
Exemplo: uma visão quantitativa da
violência defende que simplesmente reduzir a maioridade vai resolver o
problema; de outro lado, sob um olhar qualitativo, a mazela da violência é um
problema de desigualdade social. Ao invés de perguntar se você é a favor ou
contra a redução da maioridade penal poderiam lhe perguntar se você é a favor
ou contra a desigualdade social. Ou então, você é a favor ou contra um baile de
R$ 380,00 (metade de um salário mínimo numa noite) enquanto têm pessoas
passando necessidades o mês inteiro.
No trato da coisa pública a mistura
vai além. A visão predominante é a de que quantidade é que faz qualidade. Isso
pode estar mudando. Segundo nosso guia municipal sua administração está
realizando muitas obras e comprando muitos carros. Olhando assim pela
quantidade pode ter fundamento. Mas se olhar a qualidade! Casca de asfalto se
desmanchando; calçamentos com economia de material, mal projetados, mal
executados, sem fiscalização que abrem crateras na primeira chuva; aquisição de
carros para carregar pessoas sem investir em saúde preventiva e básica?
Pelo menos nosso guia municipal está
mais realista. Com o anuncio de que não concorrerá à reeleição está admitindo o
óbvio: que sua administração é um fracasso. Questão de qualidade! A velha
política da quantidade parece não estar dando mais conta. Ufa! Antes tarde do
que nunca!