sexta-feira, 21 de agosto de 2015

        Quantidade ou qualidade?

Eduardo Mattos Cardoso                  eduardomattoscardoso@gmail.com

            Por esses dias debati muito com um colega sobre os conceitos quantidade e qualidade. Aprendemos muito. Virou até plano de aula. De qualidade.
            No entanto, qualidade muitas vezes fica só no discurso bonito. Na prática, a maioria das pessoas se preocupa mais com a quantidade. São visões de mundo.
            Evidente que muitas vezes é preciso equacionar as duas coisas para obter melhores resultados. Podem andar juntas. Mas isso parece ser cada vez mais raro.
            Exemplo: uma visão quantitativa da violência defende que simplesmente reduzir a maioridade vai resolver o problema; de outro lado, sob um olhar qualitativo, a mazela da violência é um problema de desigualdade social. Ao invés de perguntar se você é a favor ou contra a redução da maioridade penal poderiam lhe perguntar se você é a favor ou contra a desigualdade social. Ou então, você é a favor ou contra um baile de R$ 380,00 (metade de um salário mínimo numa noite) enquanto têm pessoas passando necessidades o mês inteiro.
            No trato da coisa pública a mistura vai além. A visão predominante é a de que quantidade é que faz qualidade. Isso pode estar mudando. Segundo nosso guia municipal sua administração está realizando muitas obras e comprando muitos carros. Olhando assim pela quantidade pode ter fundamento. Mas se olhar a qualidade! Casca de asfalto se desmanchando; calçamentos com economia de material, mal projetados, mal executados, sem fiscalização que abrem crateras na primeira chuva; aquisição de carros para carregar pessoas sem investir em saúde preventiva e básica?
            Pelo menos nosso guia municipal está mais realista. Com o anuncio de que não concorrerá à reeleição está admitindo o óbvio: que sua administração é um fracasso. Questão de qualidade! A velha política da quantidade parece não estar dando mais conta. Ufa! Antes tarde do que nunca!