quarta-feira, 10 de abril de 2013


Três Cachoeiras tem História

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História

            Dia 29 de abril Três Cachoeiras comemora sua data magna de emancipação política de Torres. Embora município apenas a partir de 1988, sua história vem de longa data. Neste mês que antecede o dia oficial do aniversário cabe aqui retornar ao passado e relembrar como se forjou esta cidade tão pujante e próspera, revisitando autores e suas obras além de documentos históricos que marcaram e marcam nossa história.
            Preservar a memória é essencial para um grupo social. A inauguração do monumento ao Tropeiro na localidade de Morro Azul reforça a preservação da memória. Mas como diz Michael Pollak, a memória é seletiva, ou seja, muitas vezes se seleciona o que se quer preservar, seja individual ou coletivamente. Esse cuidado metodológico o historiador deve ter no seu olhar sobre o passado e o presente, principalmente quando preservado de forma oral.
            Com esse olhar cuidadoso revisito o pioneiro trabalho sobre Três Cachoeiras que se tem conhecimento, e que foi tornado público: é o livro de Ignácio José Schaeffer, intitulado “Breve relato histórico da fundação de Três Cachoeiras” de 1985. Um trabalho pessoal, com ressalvas e observações a serem feitas é certo, mas que sem dúvida foi e é uma importante contribuição escrita, portanto registrada, por um homem que viveu no seu tempo a constituição de um povoado que se transformaria em município. Schaeffer nasceu em 08 de janeiro de 1905 e evidentemente vivenciou muito do que relata em seu escrito.
Uma característica que chama a atenção (o que não diminui sua contribuição), e conduz praticamente toda a escrita de Schaeffer, é a forma romântica de apresentar seus levantamentos e fatos. Dessa forma aborda a origem do nome “Três Cachoeiras”, passando pelo “picadão” e os “bandeirantes”, por “índios e escravos”, por “tropeiros e intermediários”, por “missionários”, e ainda pela composição étnica desde portugueses açorianos até a contribuição de descendência alemã e italiana.
Além de muitas curiosidades e detalhes interessantes sobre o povoado nas décadas de 1910 e 1920 pertencente a Torres, traça uma breve biografia de seu pai José Felipe Schaeffer e sua contribuição no desenvolvimento local principalmente nas tratativas da construção da primeira capela sob orientação do Padre Bartolomeu Tiecher por volta de 1915. A primeira missa, com a capela ainda não concluída se daria em 25 de julho de 1925. E ainda, lembra o início do ensino escolar na localidade, desde os primeiros professores até Maria Angelina Maggi. É a primeira leitura obrigatória sobre a história de Três Cachoeiras.