segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Magistério

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História


Mais uma greve do magistério estadual. Entre outros motivos, pelo cumprimento da lei do piso nacional do magistério. É o principal motivo. Mas e o novo ensino médio politécnico? Já ouviram falar? Será golpismo educacional? Para melhorar números? Por enquanto apenas isso. No papel é maravilhoso. Na prática... Veio de cima e as escolas engoliram. Sem nenhum debate. E ponto.

Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul é - depois da Bahia e do Maranhão - o terceiro estado que mais “expulsa” seus habitantes. Estamos no padrão norte/nordeste. Na Bahia a culpa é dos Magalhães. No Maranhão dos Sarney. E por aqui, a culpa é de quem? Mas dizem que os motivos são outros. Será? O tal Estado mais politizado e de boa qualidade de vida do país esta mostrando sua cara. Faz tempo.

Em mês “farroupilha” poderíamos começar a pensar nessas coisas. O que queremos para o futuro do nosso estado? A continuação da mediocridade? Da falsidade? Da enganação? Fazer de conta que temos “tradição”, “orgulho” e sermos “modelo” como diz nosso hino enquanto na prática funciona o contrário?

Enquanto alguns médicos não querem R$ 10.000,00 de “bolsa” - porque querem carreira de estado e ganhar mais de R$ 20.000,00 como juízes, e com razão - em termos salariais só estamos lutando para que o governador Tarso Genro cumpra uma lei que ele mesmo assinou quando era ministro da educação. Que cumpra a lei do piso, que hoje estabelece em salário básico de R$ 1.567,00 para início de carreira para um professor(a) com 40 horas semanas com nível médio.

A façanha mais modelar de nossos administradores é a covardia. E nosso governador é mais um desses. Enganou não só os professores, mas a população do estado inteira, com exceção é claro, dos privilegiados de sempre. Não presenciei nas últimas duas décadas um governador capaz de enfrentar o legislativo e a maior chaga existente em nosso estado e país: o judiciário. A “judicialização dos direitos sociais”, como nomeou Roberto DaMatta, é um câncer devastador que corrói o desenvolvimento do país. Nosso governador não tem coragem de enfrentar “os donos do poder”. E em 2014 seremos empulhados novamente. Por um ou por outra.

Ademais, junte-se a isso a covardia de alguns colegas. Uns, partidarizando o sindicato da categoria estadual. Outros, nas próprias escolas fazendo promoções pessoais, conchavos e todo tipo de ajeitamento possível para trabalhar menos e fugir de sala de aula. Viva a individualidade. Viva a covardia.


Artigo publicado no jornal O Fato em Foco no dia 6 de setembro de 2013.