terça-feira, 11 de março de 2014


Sempre foi assim

Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História - eduardomattoscardoso@gmail.com


Hoje vou falar sobre educação. Com educação, embora certas horas dê vontade de não usá-la, não por capricho ou vulgaridade, mas para ver se alguma pessoa que trabalha com educação escolar “saia do armário”. Mas não saem, ficam até virarem esqueletos que só largam o osso para agarrar outro.

Digo isso em relação às escolas públicas estaduais e muitas municipais que não se ajeitam e vivem em quase permanente atraso. O investimento é fundamental. Dados extraoficiais dão conta de que o “gasto” público com um aluno de escola estadual e municipal pouco passa de R$ 2.000,00 por ano. Para se ter uma ideia, um aluno de IF (Instituto Federal) como o de Santa Rosa do Sul-SC, por exemplo, “custa” mais de R$ 12.000,00 por ano. E nos colégios militares, que são públicos também, o “custo aluno” se eleva a mais de R$ 14.000,00 por ano (dados de 2013).

Uma pergunta pontual que não quer calar. Por que uma quantidade cada vez maior de pais faz força para seus filhos estudarem no IFC de Santa Rosa do Sul/Sombrio, no nível médio, se em Três Cachoeiras temos escola estadual com esse nível e dizem que é de boa qualidade? Ah! Seria porque no IFC é um curso técnico. Conversa. A grande maioria não atua como técnico depois de formado.

É claro que educação não é feita só com dinheiro. Mas esse é fundamental para qualidade na educação. Não tem milagre. Junto vêm competência e vontade política para às coisas acontecerem. O resto é maquiagem. É novela.

Além disso tudo, temos outros desafios em matéria educacional. Ainda sobre o nível médio: o IF é publico, para todos. Mas tem seleção. É piada pronta. Teoricamente se peneira os melhores. Para a escola estadual de Três Cachoeiras que oferece esse nível a regra é clara: inclusão sem dinheiro. Mais com menos, doação...

Mas tem outras coisas que me intrigam. Quando servi à FAB (Força Aérea Brasileira) tinha um tenente que era prático. Quando questionávamos uma ordem absurda ele encerrava assim: - As coisas são por que são! Coisas de quartel! O mais incrível é que expressões do gênero continuam por aí, e mais incrível ainda, a educação está cheia. Nessa volta às aulas, questionei uma situação. A resposta foi taxativa: - Sempre foi assim!

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 07 de março de 2014.