segunda-feira, 18 de novembro de 2013



Palavras viram lixo

Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História - eduardomattoscardoso@gmail.com



Um dia depois do outro. No ano passado, por essa época, se ouvia muitos discursos inflamados e raivosos: “essa cidade está um lixo”. Ou ainda: “onde está essa Prefeitura que não faz nada”. Mais: “a prefeitura está cortando tudo”. Isso tudo, é claro, ainda era influencia do período eleitoral. Consultado os gurus, a palavra de ordem era “avacalhar”, “esculhambar” e rebaixar ao “rés do chão”. Poderia ser legítimo se não fosse jogo maldoso.

A ideia era preparar o terreno do caos para a vinda do “messias”, do “salvador da pátria”. Mas o enviado era capenga. Virou, e ainda é, motivo de gozação constante. Como deve ser míope, sua falta de visão o faz mais prepotente a cada dia que passa. Coisas da democracia eleitoral que transforma possíveis cidadãos em simples eleitores alienados e cria “monstrinhos” tipo RBS para disfarçar a realidade.

Infelizmente chega-se a constatação de que além do lixo tradicional as palavras viram lixo também. Primeiro são amputadas, no sentido gramatical. Depois são descartáveis. Será que algum dia conseguiremos reciclar as palavras, já que o papel aceita tudo? Ou a covardia reinará insistentemente, reforçada por homens e mulheres sem palavra?

O “bicho-papão” esta solto. E parece que anda papando os recursos do município. Dinheiro tem mais esse ano do que no ano passado. Muito mais. Mas por que as coisas não acontecem, as obras não andam e a cidade está um lixo e as escuras. Será que vai pegar mal uma nova contratação emergencial - de uma empresa amiga - para limpeza com valor acima de R$ 100.000,00 em menos de um ano. Falta coragem, competência ou o quê?

Nesses belos fins de tarde de primavera, ótimos para uma caminhada, tome cuidado no seu trajeto para não cair num buraco de rua ou de calçada. Quando tem calçada, já que a fiscalização da prefeitura nesse setor é vergonhosa. Cuide também para não tropicar no lixo espalhado pelas ruas. E quando as obras particulares tomam conta da calçada e da rua, passar por aonde?

E as obras públicas inacabadas. Qual é a desculpa da semana. Pavimentações de ruas pela metade, já se esburacando ou interditadas com galhos, restos de obras e, como não podia faltar, lixo, muito lixo. Se a caminhada for noturna, não esqueça de levar uma lanterna. Melhor se prevenir.


Artigo publicado no Jornal O Fato em Foco no dia 15 de novembro de 2013.