quarta-feira, 6 de novembro de 2013


Um ano de invenções

Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História - eduardomattoscardoso@gmail.com

Em outubro de 2012 comecei esta coluna. Não por acaso, escrevo semanalmente no jornal regional que mais circula em Três Cachoeiras, para desespero de alguns e privilégio dos trescachoeirenses mais informados. Na teoria e nas leituras era possível entender o que significava “mídia chapa branca”. Mas na prática, especialmente em nosso munícipio, a constatação é escancarada devido à falta de pudor com que algumas pessoas lidam com a coisa pública.

Mas fazer o que! As teses desenvolvimentistas nos indicam que estamos no caminho. Nesse percurso às vezes damos dois passos para frente e um para trás. Quando não o contrário. Será que isso é assim mesmo? Ouso discordar porque na maioria das vezes é possível ir à diante sem retroceder. Mas a diversidade de ideias e concepções de mundo que habitam as cabeças dos seres humanos muitas vezes teimam em apontar para o atraso.

Em nossa cidade não é diferente. E essas tensões são permanentes, muito embora carregadas de interesses espúrios e maldades. Nesse sentido, contribuo semanalmente com reflexões e provocações que tentam ir além da fofoca rasteira. Muitos não entendem e outros fazem de conta que não existo. Isso me inspira a ser mais autônomo e original. Prefiro o debate ao dinheiro. O debate é para os sábios, corajosos e educados. Quem foge dele ou opta pelo dinheiro para comprar tudo, prefere a ignorância. Questão de escolha.

Não preciso de máscara. Por isso detesto bajuladores de plantão. Provoco o debate: não são capazes. Escondem-se e desconversam. Adoro quando esbravejam, pois assim mostram suas caras. Mas não se olham no espelho. É duro enxergar a ignorância e a incapacidade diante dos próprios olhos. Melhor fazer de conta e envernizar um pouco.

Em um ano Três Cachoeiras inventou e reinventou. Reinventou a Radionovela, a mentira, a incompetência, a fofoca, a raiva e a enrolação, entre outras. No entanto, a invenção mais importante foi a do próprio munícipio que passou a “existir” a partir de 1º de janeiro de 2013. Junto com essa invenção geniosa veio a invenção do ano inútil. Se ficássemos só na inutilidade seria dos males o menor. Por isso é interessante acompanhar a vida política de nossa cidade mais de perto. E constatar que em um ano muita coisa pode mudar e que “não há nada tão ruim que não possa piorar”. Salve-se quem puder!


Artigo publicado no jornal O Fato em Foco no dia 1º de novembro de 2013.