quarta-feira, 23 de outubro de 2013


Pessoas, partidos e ideias

Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História



O Brasil vive de eleições. Segundo alguns políticos deveria ter eleição todos os anos. Para outros tinha que juntar tudo numa só de quatro em quatro anos. Os argumentos são variados. O Brasil, em relação a países um pouco mais sérios, é um dos únicos que têm “justiça eleitoral”. Como lei por aqui é para “inglês ver” temos que arcar com mais esse oneroso peso. É sempre assim: a maioria paga a conta pela desonestidade de uma minoria que tenta sempre generalizar.

Eleição movimenta uma grande indústria. Por isso nunca para. Ano passado tivemos eleições municipais. Ano que vem temos eleição para presidente, governadores, deputados federais, estaduais e senadores. Mais uma festa da democracia. Infelizmente, festa para quem? Para quem vive de eleição. Para quem quer manter interesses, cargos, benesses entre outras formas de poder e status. Tudo sob o manto inocente dos ideais de democracia.

Pelo histórico recente de nossas eleições pós-ditadura não temos um cenário muito animador. A cada eleição que passa se discute cada vez menos partidos, ideias e propostas. O que importa é a pessoa ou o número que representa. Sua visão de mundo e a do seu partido pouco interessa. Essa realidade, evidentemente, conta com a ajuda do analfabetismo total e funcional que assola a maioria da população. Por isso levantar a bandeira da educação cada vez mais não passa de discurso vago e enganador.

Prova disso é a permanente corrida eleitoral em todas as esferas. E a menos de um ano das eleições de 2014 se escancarou. Os nomes estão na mídia e consequentemente nas pesquisas. O partido desse ou daquele é mera alegoria. Com exceções dignas a parte, os nomes predominantes são mais do mesmo. Pelo andar das coisas o nosso país vai ser novamente vítima de um “golpe” eleitoral disfarçado. O que importa são os nomes. Ter um partido parece ser necessário só por força de lei. Para ter número. Ideias são secundárias ou indefinidas. O que importa é aparência e palavras bonitas.

Embora tenhamos dificuldades e limitações, acredito nas ideias. É desrespeitosa a escolha de nomes antes de debater posturas e propostas. Além do que, não podemos esquecer de forma nenhuma o que representam os partidos e suas orientações. Por enquanto parece que os pré-candidatos são simples peças decorativas para consumo. Mas quais são seus objetivos e o que propõem de novo e ousado? Por enquanto nada.


Artigo publicado no jornal O Fato em Foco no dia 18 de outubro de 2013.