quinta-feira, 17 de abril de 2014


Tem coisa errada
Eduardo Mattos Cardoso

eduardomattoscardoso@gmail.com



No ano passado, nesse espaço, discuti a autorização de tomada de empréstimo pela prefeitura na ordem de R$ 700.000,00 perante o Badesul Desenvolvimento. Pois bem, semana passada saiu a assinatura dos contratos com a presença do prefeito municipal Nestor B. Sebastião em cerimônia no Palácio Piratini. Em ano de eleição tudo vira palanque.

O empréstimo se dá através do programa Badesul Cidades e permite melhorias em infraestrutura, aquisição de máquinas e equipamentos. Como anfitrião do ato estava o governador do estado Tarso Genro. Em seu pronunciamento, Tarso disse o seguinte: “Os financiamentos atendem a necessidades mínimas, urgentes e importantes”.

Opa! Tem coisa errada aí. De duas uma: ou o governador está mal informado pela sua assessoria ou diz o que quer de um mundo distante. No caso do empréstimo para Três Cachoeiras, o que tem de urgente em asfaltar rua já calçada no centro da cidade? Nenhuma urgência. Aliás, a promessa dessa obra está mal explicada até hoje. Prioridade é a pavimentação das estradas do interior.

Até quando vamos aguentar a empulhação dos agentes públicos? Pelo andar vai longe. Vai assim por que os cidadãos em geral não acompanham o que está acontecendo na vida pública nacional, estadual e municipal. Esse ano tem eleição de novo. Mas o que importa é a disputa, não conteúdo.

Em geral as realizações de governos incompetentes são descoladas da realidade, sem necessidade. É o que está acontecendo com nosso município, com uma peculiaridade fundamental: por aqui não está acontecendo nada. Quase um ano e meio e nada. Obras que já deveriam estar prontas - mas que foram começadas na administração passada - estão abandonadas parece que de propósito. Tem que apagar o passado recente. Mas as relações promíscuas com empresas amigas são escancaradas. Inclusive com inacreditável perdão de multa. É pornografia pura. A obscenidade não tem limite.

Daí tudo vira piada como a requentada que circula na cidade: “o prefeito foi parado pela polícia; antes que o policial lhe perguntasse qualquer coisa disparou: eu não fiz nada”. É piada pronta para começar rindo e terminar chorando. Mas será que o “povo” se importa? Pelo menos informem o governador que Três Cachoeiras tem outras urgências. A primeira delas é de caráter.


Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia  11 de abril de 2014