sexta-feira, 28 de novembro de 2014


O golpe, o partido e o boi voador
Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com



Fiquei interessado nesse novo partido que apareceu na eleição do Rio Grande do Sul. Partido do Rio Grande. Nome bonito. Braços abertos, pensei: dever ser coisa boa. Decidi me filiar. Vou atrás, não encontro nenhum correligionário. Pergunto no TRE: não existe. Como assim não existe? Estava na propaganda direitinho; o candidato repetia o tempo todo “Meu partido é o Rio Grande”. Imaginei até a sigla: PRG. Acordei!

O RS é um estado realmente de façanhas. Elegeu um governador sem partido. Pelo menos é o que as propagandas mostravam. Na real não é bem assim. O candidato para ser eleito arrebanhou, entre coligação e apoio no segundo turno, “apenas” 19 partidos.

A presidenta reeleita não fica longe desse número de partidos coligados, onde PMDB, PP e PDT nacionais são apoios de carteirinha. Mas por que “os donos do poder”, com uma “mãozinha” da mídia golpista, não gostam do PT? Globo, Veja, Folha de São Paulo e Cia. Ltda. não desistem nunca. Detestam democracia. Quando o assunto é corrupção, só vale a de hoje, a de ontem não.

Relendo sobre a ocupação holandesa do litoral nordestino brasileiro no séc. XVII, principalmente na Pernambuco atual, lembrei-me do “Gringo” – e de seus braços abertos – e da presidenta. Nessa região brasileira é comum ouvir pessoas dizerem “isso é coisa de boi voador” quando querem se referir a falsas promessas políticas ou algum engodo, e remonta o tempo em que o holandês Maurício de Nassau governou Recife e inaugurou uma ponte.

No caso do “Gringo” talvez só o partido seja voador. Quanto às promessas, nem boi não tem. Mas para o bem do Brasil e da maioria dos brasileiros é bom que a presidenta derrube o boi e faça as reformas necessárias. Entre outras, a educacional, a política, a dos meios de comunicação e a do judiciário/justiça que quase sempre é esquecida dos debates. Com o sistema judiciário que o Brasil tem, golpe é sempre uma possibilidade.

Crônica publicada no Jornal Fato em Foco do dia 7 de novembro de 2014