Outros
Carnavais
Eduardo
Mattos Cardoso
Professor
Mestre em História
Carnaval é
tempo de festa. Brasileiro adora festa. Para uns agito e curtição. Para outros
folga e tranquilidade. Para tudo. Depende da ótica. No Carnaval da mídia o
consumo se sobrepõe a cultura, a manifestação popular. A competição é exaltada
ao extremo. Vale tudo. Vale o que quiser. Tem de tudo, até homem vestido de
mulher. Ninguém é de ninguém! Opa! Depende!
Aos gregos
se atribui o surgimento do Carnaval relacionado aos deuses, onde transcendia o
humano. Bem estar espiritual. Depois é que veio o sentido religioso marcado
pela precedência à quaresma, temporada de dar “adeus à carne”. Já no tempo das
luzes (iluminismo), o rei Luiz XIV lotou salões de Paris com bailes à fantasia
assim como o Carnaval de Veneza se destacava com suas máscaras.
O Brasil
não podia ficar de fora. E foi além. Reinventou o Carnaval. O movimento dos
bailes e seus salões foi ganhando as ruas. É o que temos hoje, uma grande festa
popular espalhada por quase todos os cantos do país. Alguns tentam se apropriar
dessa festa lhe dando caráter de jogo, disputa. Mas seu sentido “das ruas” não
se perde quando olhamos as manifestações nas cidades históricas de Minas Gerais
e do Nordeste. É reinventado, mas é genuíno. Não é mercantilizado.
Para os
saudosistas fica a lembrança de “outros” Carnavais e suas marchinhas. Muitas
marchinhas são famosas e cantadas até hoje: “ô
abre alas que eu quero passar...”; ou então: “você pensa que cachaça é água...” Outra, menos conhecida, mas não
menos atual diz assim:
“Aí vem o cordão do puxa saco,
Vem dando viva os seus maiorais,
Quem vem na frente vai passando para
trás,
O cordão do puxa saco cada vez
aumenta mais”.
Quando ouvi
essa marchinha logo pensei na política municipal de Três Cachoeiras. É muito
atual. O puxa-saquismo é uma epidemia. Alastrou-se de um jeito que tem gente
defendendo a lógica do aumento de 44% para secretários quando a prefeitura
estava quebrada. A lógica matemática esta se revirando. Mas nestes dias tudo é carnaval.
É diversão, encenação, fuga da realidade.
O Carnaval
deve ser um tempo muito propício aos atuais gestores municipais de Três
Cachoeiras: fantasias, máscaras e transmutação. Dizem que a moda nesse carnaval
são os trajes imitando animais. Adoram se fantasiar de cordeiros. Deve ser
calor! Algumas pessoas dizem ter visto o prefeito por aí fantasiado de Sérgio
Malandro. Será possível?