sábado, 16 de fevereiro de 2013


Outros Carnavais

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História

          Carnaval é tempo de festa. Brasileiro adora festa. Para uns agito e curtição. Para outros folga e tranquilidade. Para tudo. Depende da ótica. No Carnaval da mídia o consumo se sobrepõe a cultura, a manifestação popular. A competição é exaltada ao extremo. Vale tudo. Vale o que quiser. Tem de tudo, até homem vestido de mulher. Ninguém é de ninguém! Opa! Depende!
           Aos gregos se atribui o surgimento do Carnaval relacionado aos deuses, onde transcendia o humano. Bem estar espiritual. Depois é que veio o sentido religioso marcado pela precedência à quaresma, temporada de dar “adeus à carne”. Já no tempo das luzes (iluminismo), o rei Luiz XIV lotou salões de Paris com bailes à fantasia assim como o Carnaval de Veneza se destacava com suas máscaras.
            O Brasil não podia ficar de fora. E foi além. Reinventou o Carnaval. O movimento dos bailes e seus salões foi ganhando as ruas. É o que temos hoje, uma grande festa popular espalhada por quase todos os cantos do país. Alguns tentam se apropriar dessa festa lhe dando caráter de jogo, disputa. Mas seu sentido “das ruas” não se perde quando olhamos as manifestações nas cidades históricas de Minas Gerais e do Nordeste. É reinventado, mas é genuíno. Não é mercantilizado.
            Para os saudosistas fica a lembrança de “outros” Carnavais e suas marchinhas. Muitas marchinhas são famosas e cantadas até hoje: “ô abre alas que eu quero passar...”; ou então: “você pensa que cachaça é água...” Outra, menos conhecida, mas não menos atual diz assim:
            “Aí vem o cordão do puxa saco,
            Vem dando viva os seus maiorais,
            Quem vem na frente vai passando para trás,
            O cordão do puxa saco cada vez aumenta mais”.
            Quando ouvi essa marchinha logo pensei na política municipal de Três Cachoeiras. É muito atual. O puxa-saquismo é uma epidemia. Alastrou-se de um jeito que tem gente defendendo a lógica do aumento de 44% para secretários quando a prefeitura estava quebrada. A lógica matemática esta se revirando. Mas nestes dias tudo é carnaval. É diversão, encenação, fuga da realidade.
            O Carnaval deve ser um tempo muito propício aos atuais gestores municipais de Três Cachoeiras: fantasias, máscaras e transmutação. Dizem que a moda nesse carnaval são os trajes imitando animais. Adoram se fantasiar de cordeiros. Deve ser calor! Algumas pessoas dizem ter visto o prefeito por aí fantasiado de Sérgio Malandro. Será possível?