sábado, 9 de fevereiro de 2013


Santa Maria

Eduardo Mattos Cardoso

            Semana difícil para gaúchos e brasileiros. Mais de 230 vidas ceifadas no incêndio numa boate em Santa Maria. Na grande maioria jovens e universitários que buscavam diversão numa noite de sábado para domingo. Foram curtir à noite.
            De Santa Maria conheço o que alguns amigos dos tempos de Força Aérea Brasileira ou agora de Universidade me relatam. Que é uma cidade Universitária graças principalmente a UFSM – Universidade Federal de Santa Maria – entre outras. Além do setor educacional tem a BASM – Base Aérea de Santa Maria – e grande destacamento do Exército Brasileiro. Afora outros serviços públicos estaduais e federais, Santa Maria é a cidade na qual cruza praticamente toda a malha ferroviária (embora pequena) do Rio Grande do Sul. É uma cidade, portanto, que atrai muitos jovens.
            Santa Maria, que um dia já foi chamada de Santa Maria da Boca do Monte, guardará na sua história esta tragédia indescritível, mas que precisa ser encarada e responsabilizada para que não aconteça nunca mais. Fatalidade ou negligência? Não queremos “caça as bruxas”. Queremos responsabilidade.
            Tragédias como esta despertam alguns de nossos melhores e piores sentimentos. Brutalidade e estupidez que tira em minutos a vida de mais de 230 pessoas; é um acontecimento que nos joga em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos familiares e amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os demais. Queremos os culpados? Quem são os responsáveis? É um desabafo óbvio numa hora difícil.
            Mas esses momentos, ao mesmo tempo, são marcados por silêncio, presença e exaltação da vida. Antes de tudo, embora a incredulidade e dor, os parentes e amigos das vítimas precisam de apoio, cuidado, atenção ou simplesmente uma palavra de força. É onde brota a solidariedade, a ajuda imediata, destemida e desinteressada que celebra o verdadeiro amor da vida e do amor sobre todas as demais coisas. A vida é mais importante que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Mas o direito a vida neste mundo e na forma em que vivemos é constantemente ameaçada.
            Não foi fatalidade. Mas o que vimos em Santa Maria foi obra do homem. Como os seres humanos têm dificuldade de aprendizado (não por incapacidade) fica a lição: que aprendamos com os ensinamentos.