Santa
Maria
Eduardo
Mattos Cardoso
Semana
difícil para gaúchos e brasileiros. Mais de 230 vidas ceifadas no incêndio numa
boate em Santa Maria. Na grande maioria jovens e universitários que buscavam
diversão numa noite de sábado para domingo. Foram curtir à noite.
De Santa
Maria conheço o que alguns amigos dos tempos de Força Aérea Brasileira ou agora
de Universidade me relatam. Que é uma cidade Universitária graças principalmente
a UFSM – Universidade Federal de Santa Maria – entre outras. Além do setor
educacional tem a BASM – Base Aérea de Santa Maria – e grande destacamento do
Exército Brasileiro. Afora outros serviços públicos estaduais e federais, Santa
Maria é a cidade na qual cruza praticamente toda a malha ferroviária (embora
pequena) do Rio Grande do Sul. É uma cidade, portanto, que atrai muitos jovens.
Santa
Maria, que um dia já foi chamada de Santa Maria da Boca do Monte, guardará na
sua história esta tragédia indescritível, mas que precisa ser encarada e
responsabilizada para que não aconteça nunca mais. Fatalidade ou negligência? Não
queremos “caça as bruxas”. Queremos responsabilidade.
Tragédias
como esta despertam alguns de nossos melhores e piores sentimentos. Brutalidade
e estupidez que tira em minutos a vida de mais de 230 pessoas; é um
acontecimento que nos joga em um espaço estranho, onde a dor indescritível dos
familiares e amigos das vítimas se mistura com a perplexidade de todos os
demais. Queremos os culpados? Quem são os responsáveis? É um desabafo óbvio
numa hora difícil.
Mas esses
momentos, ao mesmo tempo, são marcados por silêncio, presença e exaltação da
vida. Antes de tudo, embora a incredulidade e dor, os parentes e amigos das
vítimas precisam de apoio, cuidado, atenção ou simplesmente uma palavra de
força. É onde brota a solidariedade, a ajuda imediata, destemida e
desinteressada que celebra o verdadeiro amor da vida e do amor sobre todas as
demais coisas. A vida é mais importante que a propriedade, o lucro, os negócios
e todas nossas ambições e mesquinharias. Mas o direito a vida neste mundo e na
forma em que vivemos é constantemente ameaçada.
Não foi
fatalidade. Mas o que vimos em Santa Maria foi obra do homem. Como os seres
humanos têm dificuldade de aprendizado (não por incapacidade) fica a lição: que
aprendamos com os ensinamentos.