terça-feira, 27 de agosto de 2013


Como é gasto nosso dinheiro

Eduardo Mattos Cardoso

Professor Mestre em História



Instrumento importante para a cidadania é o acompanhamento das contas de nosso município. Hoje temos a lei de acesso à informação. Qualquer pessoa pode solicitar informações das mais variadas aos órgãos públicos, inclusive prefeituras e câmaras de vereadores. Como nossa prefeitura não gosta muito de divulgar informações, uma breve visita ao “site” do TCE - Tribunal de Contas do Estado - nos informa números interessantes.

Até a presente data os balanços são do primeiro semestre. No quesito receita, ou seja, o que entra de dinheiro para a prefeitura os números são cristalinos: leve aumento nos dois primeiros bimestres e um surpreendente acréscimo de quase um milhão de reais no terceiro trimestre em relação à meta a ser alcançada. Para ser exata, a meta era arrecadar R$ 3.298.896,25, mas se arrecadou R$ 4.288.809,91, uma diferença de R$ 989.913,66. Está no site do TCE em receitas correntes de Três Cachoeiras.

Até aí tudo bem. Aliás, muito bem. Essa história de município “quebrado” e choradeira porque não tem dinheiro é puro engodo. Sempre afirmei isso. Agora, entrar no terreno “pantanoso” dos gastos faz exalar alguns odores. Não sei bem se é “pantanoso” o “movediço”, mas vamos a alguns exemplos apenas da unidade orçamentária “Gabinete do Prefeito”.

Este órgão de governo tem dotação orçamentária própria. O valor pago nos primeiros seis meses de governo foi de R$ 260.802,35. Aí entra todas as despesas relativas à pessoal, viagens, diárias, automóveis, gasolina, manutenção entre outras. Alguns valores gastos chamam atenção de qualquer desavisado. Exemplos: recuperação de dados de HD de quatro computadores custou R$ 1.800,00; lavagem de carro oficial R$ 168,00 (que lavagem...); balanceamento e geometria de dois automóveis oficiais por R$ 1.135,00, e por aí vai. Falando em automóvel oficial, só o do prefeito teve um gasto aproximado de R$ 12.000,00 em seis meses. Fora a gasolina.

Importante observar as contribuições para associações como FAMURS, CNM e AMLINORTE que levam valores expressivos sem saber o cidadão para que servem. Entretanto, o que chama mais a atenção são os valores gastos com transporte, passagens e diárias. Entre passagens aéreas e diárias (sem contar carro oficial e gasolina) nosso prefeito gastou mais de R$ 20.000,00 nesses seis primeiros meses. Fora o gasto de vice-prefeita, chefe de gabinete, assessores e outros. Vale a pena dar uma olhada nos gastos das outras secretarias também. Tudo dentro da lei! Alguns fora da moralidade.


Artigo publicado no jornal O Fato em Foco no dia 23 de agosto de 2013