segunda-feira, 19 de maio de 2014

Piauí de grife

Eduardo Mattos Cardoso

eduardomattoscardoso@gmail.com


No vasto universo da internet se encontra muita coisa boa. No comentário de uma notícia de um jornal eletrônico gaúcho encontrei uma definição interessante para o Rio Grande do Sul atual: Piauí de grife. Vale para cidades também.

O que não se abandona é o preconceito. Para muitos aqui do sul, nordeste do Brasil é sinônimo de atraso, de pessoas inferiores. É o mito de um estado “superior”, “mais politizado” e “mais desenvolvido”.

Deixando de lado o preconceito aparecem algumas verdades que as palavras e expressões da língua portuguesa permitem. Claro que o Piauí não é nenhuma maravilha. Mas a comparação é sempre importante e derruba mentiras e crenças.

Uma rápida comparação de salários em duas áreas fundamentais: educação e segurança. Um professor estadual no Piauí recebe como piso (nível médio) para 40 horas R$ 1.965,00. Para termos uma ideia o piso nacional do magistério é R$ 1.697,00 (valores em janeiro de 2014). No RS não se paga nem o piso nacional.

Os salários da área de segurança nos dois estados são uma disputa a parte. Disputa para baixo. De novo o RS ganha. Ou melhor, perde. O salário de um soldado da policia militar do Piauí é o penúltimo pior do país: R$ 1.926,00. E vergonhosamente um soldado da nossa valorosa Brigada Militar (Polícia Militar) é o mais baixo do Brasil: R$ 1.375,71 (dados de novembro de 2013).

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra. E as filhas solteiras também. Ah, não podemos esquecer as gordas pensões e aposentadorias, tudo dentro da lei. O princípio fundamental da legalidade por aqui é sempre lembrado: direito adquirido. Maravilhosa aberração da lei.

Assim vamos. Depois de Leonel Brizola - lá no início da década de 1960 - a “direitização” do RS campeou solta. Alceu Colares tentou retomar os projetos trabalhistas. Pouco conseguiu. Devo reconhecer o empenho e a honestidade de Olívio Dutra. Foi engolido por “forças ocultas”. Agora, assistimos quietos o retorno sorrateiro da direita. Para os saudosistas pelo menos ficamos com a grife.