sexta-feira, 18 de julho de 2014


Educação, eleição e discursos vazios

Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com

A seleção brasileira perdeu a semifinal vergonhosamente. Felipão assumiu. Ponto. Continua o evento. Segue a vida. O futebol só é sério para quem vive dele. Não é meu caso, nem da maioria do povo brasileiro. Coisa séria é eleição. Pelo menos deveria. O processo já começou.

Temos três meses pela frente para avaliar e escolher os melhores governantes e legisladores para o país e para o estado. Agora é a vez do “jogo” político. Esse jogo não poderia ser perdido nunca. No entanto, os indicativos não são muito animadores. Os discursos iniciais dos candidatos novamente são líquidos, ou seja, não se comprometem com nada, não afirmam nada. Em relação à educação, infelizmente, os discursos vazios continuam.

Sabemos que a “chave do cofre” está na mão do governo federal. Sem dinheiro não se muda. Mas dinheiro de verdade. Num país de economia capitalista como o nosso falar em melhora sem dinheiro é piada pronta. Antes da aprovação do novo PNE - Plano Nacional de Educação - que tramitou “apenas” por quatro anos no Congresso Nacional, se noticiava que se investia menos que 5% do PIB em educação. Tão logo foi sancionada a nova lei, os números mudaram como num passe de mágica para mais de 6%, exatamente 6,4% segundo informação oficial.

O novo PNE estabelece metas em investimento. A partir de sua aprovação prevê que em cinco anos se invista 7% do PIB em educação e ao final de dez anos 10%. Como maquiar números no Brasil é uma especialidade, não acredito que na prática isso ocorra. Não é pessimismo. É constatação de quem há muitos anos acompanha a área e sente na pele o faz de conta de investimento, paralelo ao aumento do caos educacional.

É preciso dizer com coragem que existe duas categorias de educação básica pública. A de “primeira classe” é bancada diretamente pela união através dos colégios militares, de aplicação das universidades federais e os institutos federais. O resto, estaduais e municipais, guardadas algumas raras exceções, são de “segunda classe”. Essas, que são a esmagadora maioria, estão abandonadas.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 11 de julho de 2014