sexta-feira, 22 de março de 2013


Cidade do faz de conta

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História

Quem quiser viver numa cidade de faz de conta venha para Três Cachoeiras. Aqui, segundo o governo municipal e os vereadores de situação tudo funciona. Nas suas cabeças pode ser. Provavelmente não precisam de serviços públicos agora. Diferente do período eleitoral quando “mandavam” seus parentes lotar o Posto de Saúde Central. É uma cidade imaginária. Como eu já disse aqui, esses gestores do executivo e legislativo são especialistas em encenação.
Mas a vida da maioria das pessoas não é novela, não é faz de conta. Precisam de serviços públicos essenciais. E de obrigação primeira do município. E não estão tendo. A saúde esta um caos. Marcar uma consulta simples é uma epopeia. Quando se consegue. Remédio só tem na semana que vem. É como fiado em boteco: só amanhã. O que antes se fazia por telefone não se consegue mais. Ou cortaram as linhas ou não querem atender as pessoas? Perseguição política a funcionários e agentes de saúde! Será possível? É desse jeito que “Três Cachoeiras pode mais”? Com menos serviço público e clientelismo. Parece que Três Cachoeiras esta voltando ao tempo dos Coronéis.
Certas palavras não podem ser ditas por que não é politicamente correto. O prefeito parece que desapareceu. Não fala mais nada. E internamente na prefeitura é constrangedor: funcionários de carreira cooptados ou amedrontados e outros setores tomados por cargos de confiança (CCs) invariavelmente incompetentes. A seleção lamentável para professores que o diga.
Assim, quem aparece ou sobra para defender a atual gestão: os vereadores de situação. Alguns, porque outros nem sabem qual seu papel na Câmara de Vereadores. Não sabem ainda para que foram eleitos. É o que parece. Só falam em campo de futebol ou ficam calados. O saibro prometido em campanha nem sinal. E patrolamento é privilégio de algumas estradas.
Não deveria ser diferente. Vereador de situação tem que defender o governo que tem. Mas não debochar do povo. Não enrolar o tempo todo. Não fechar os olhos para direitos fundamentais das pessoas que em última instância significa cidadania. Sempre souberam, afora alguns ingênuos, que prometer “mundos e fundos” em campanha é fácil. E que cumprir é difícil. Agora, piorar os serviços que a população dispunha antes é no mínimo incompetência. E reclamar de denúncias no Ministério Público! Como se não soubessem endereço, telefone e “e-mail” dessa instituição tão acionada nos quatro anos da gestão anterior. Só valia antes? Para a atual não? Ora vereadores, por favor. Façam seu trabalho com honestidade e chega de conversa mole.

Artigo publicado no Jornal O Fato em Foco de 22 de março de 2013.