sexta-feira, 8 de março de 2013


Volta ás aulas

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História

Mais um ano letivo está começando em nosso município. Três Cachoeiras tem uma boa rede de escolas, entre estaduais, municipais e particulares de educação infantil. Essa divisão, prevista em lei, deve ser colaborativa, harmônica e complementar. Aqui me detenho nas municipais e estaduais. Embora orientadas por princípios legais e educacionais comuns, guardam suas peculiaridades.
A lei nº 9394 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB) diz no paragrafo 2º do artigo 8º que “os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta lei”. Professores e alunos são os mesmos de escolas municipais e estaduais, com exceção do ensino médio. Entretanto, ocorre uma divisão evidente entre ambas. Muitos professores lecionam em escola estadual e municipal. Portanto a qualidade deve ser a mesma.
Entre outras diferenças minuciosas (não menos importantes) o que me chama a atenção é a administração escolar. As estaduais gozam de maior autonomia e têm sua equipe diretiva eleita pela comunidade escolar. Já as municipais têm seus diretores indicados pelo prefeito. Essa é uma diferença crucial para a educação. Processos eletivos teoricamente democráticos e indicações político-partidárias.
O processo de escolha de diretores em escolas estaduais deve ser sempre observado e discutido, porque eleição não é resumo de democracia. No que diz respeito às municipais, desafio a atual administração a romper com o ranço das indicações político-partidárias dos bajuladores cabos eleitorais de plantão. Quatro anos são suficientes para abordar esse tema: eleição é um bom começo mais podem olhar antiguidade e formação. Mas chega de cursos de especialização (“pós”) à distância. O município precisa ir além com seus professores, tem que ter mestres e doutores de preferência oriundos de seus próprios quadros. E o estado também.
Ainda tenho minhas dúvidas quanto à municipalização da educação. Mais de duas décadas se passaram e alguns vícios nocivos permanecem. A educação municipal tem que se emancipar da politicagem. Aliás, emancipação em se falando de educação, está na ordem do dia de escolas, professores, alunos e sociedade em geral.
Emancipar-se diz respeito à realização, autonomia, respeito, ética, honestidade entre outros tantos quesitos que dizem respeito à cidadania. E isso não se resume a educação. Além de outros direitos e deveres se não tivermos saúde não adianta de nada. E esse direito algumas vezes ainda tem que ser garantido pela justiça no município de Três Cachoeiras. Tem dia para ficar doente. Mas isso é assunto para outro dia.