Saúde
e doença
Eduardo
Mattos Cardoso
Professor
Mestre em História
Diz o
ditado popular “saúde é o que interessa o resto não tem pressa”. É claro, saúde
é fundamental, mas temos outras necessidades. Somos seres humanos. Entretanto,
a saúde, ou a falta dela, parece ser a carência que mais agride a cidadania
quando falamos em dignidade. Saúde pública esta vinculada ao SUS (Sistema Único
de Saúde). É onde a maioria da população brasileira se socorre.
E mais uma
vez o “peso” do atendimento imediato ao cidadão recai aos municípios. O
financiamento é federal e estadual, mas é no município que tudo começa. Desde
que ouvimos falar no processo de “municipalização da saúde” o atendimento
parece não se aprumar. Como os gestores estão muito próximos dos cidadãos
(eleitores) principalmente nos municípios pequenos, saúde e doença viraram
prato cheio paro o clientelismo, o toma lá dá cá. Não é diferente em Três
Cachoeiras.
A “ambulância-terapia”
já é uma prática comum. Além do serviço de transporte oficial do município
temos caso de vereador ser eleito por prestar esse “serviço” particular. O povo
gosta do clientelismo. É lastimável. Como invariavelmente não se investe em
saúde local o deslocamento em busca de consultas especializadas e exames mais
complexos ou até os mais simples tem de ser buscado fora do município.
A
prefeitura tem uma responsabilidade grande. Mas nenhum gestor foi obrigado a
ocupar os cargos onde estão. Muito pelo contrário. Prefeito e secretário de
saúde, com a fiscalização dos vereadores, tem a obrigação de prestar um serviço
de saúde decente aos seus cidadãos. Ficar dando desculpa “esfarrapada” além de
tomar tempo não resolve problema de ninguém.
No período
eleitoral recente, muitas pessoas que não costumavam usar o posto de saúde
central do município foram até lá procurar atendimento. Muitas delas com planos
de saúde. Nunca mais foram vistas. Agora, o cidadão que não é bajulador tem dia
pra ficar doente. No mês passado a “cota” de exames de Raios-X acabou dia 18. Outro
cidadão (ou outros) para ter seu direito assegurado tem que procurar o
Ministério Público. Não é um bom exemplo para um município que concede 44% de
reajuste salarial para secretários. Dinheiro tem. O que falta então para os
cidadãos serem bem atendidos? Talvez competência seja uma resposta? Afinal,
Três Cachoeiras podia mais! Ou era só uma frase bonita.