Nossos
liberais
Eduardo
Mattos Cardoso
Professor
Mestre em História
Nesse mês de abril Três Cachoeiras completa ¼ de século. É
um privilégio. Nosso município é fruto, como outros tantos, daquela leva de
municípios que se emanciparam a partir da nova constituição de 1988. Foi a
farra das emancipações. Algumas cidades definharam. A nossa não. Muito pelo
contrário. Esta aí, pujante e com 25 anos já adulta, amadurecida. Cabe a
pergunta: o que queremos para nossa cidade nos próximos 25 anos?
As forças partidárias de um município refletem sua dinâmica
política e seu modelo de desenvolvimento. Aparentemente temos dois blocos
alternando-se no poder. Mas não são homogêneos. Temos meia dúzia de partidos
com suas propostas e ideologias. Sim, ideologia, pois todos as têm. Ou algum
partido é mero coadjuvante? Quando a coligação é eleita todos têm o seu espaço.
E qual é a ideologia de nossos agentes políticos atuais, no que diz respeito ao
que é público, desenvolvimento, economia e sociedade?
Pela ingerência com que o empresariado local atua nas
decisões politicas e administrativas arrisco uma resposta: os atotes políticos
atuais mais esclarecidos – aqueles que comandam de verdade – são liberais. E
devem ter se encontrado no Fórum da Liberdade em Porto Alegre. São pessoas
adeptas do estado mínimo. Mas quando seus negócios vão mal adoram uma ajuda
financeira pública, bancos estatais, agências de fomento, isenções municipais entre
outras amenidades. Tipo Eike Batista: toma dinheiro emprestado do BNDES e
depois faz de conta que investe em empresas, mas na prática compra títulos
públicos do estado brasileiro. Negócio da China pela diferença de juros!
O liberal, às vezes enrustido, é aquele que quando não esta
no governo esbraveja dizendo que falta vontade política, que não se cumpre as
leis, etc. No entanto, quando é governo esquece o que disse e faz o contrário.
Aquela máxima do tempo em que o Brasil era Império é sempre atual: “nada mais
conservador do que um liberal no poder”. Aliás, nossos liberais amam o poder,
porém negam esse sentimento. Na sua mão, o poder lhes provoca orgasmos.
Suspeito que nossos gestores atuais sofram dessa paixão, mas se travestem para
não demonstrá-la. Ficam em cima do muro. Nesse caso leis não são interessantes
a não ser para os outros. Para os outros o peso da lei. Para nós o poder. Os
donos do poder.