sexta-feira, 3 de maio de 2013


Nossos liberais

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História
           
Nesse mês de abril Três Cachoeiras completa ¼ de século. É um privilégio. Nosso município é fruto, como outros tantos, daquela leva de municípios que se emanciparam a partir da nova constituição de 1988. Foi a farra das emancipações. Algumas cidades definharam. A nossa não. Muito pelo contrário. Esta aí, pujante e com 25 anos já adulta, amadurecida. Cabe a pergunta: o que queremos para nossa cidade nos próximos 25 anos?
As forças partidárias de um município refletem sua dinâmica política e seu modelo de desenvolvimento. Aparentemente temos dois blocos alternando-se no poder. Mas não são homogêneos. Temos meia dúzia de partidos com suas propostas e ideologias. Sim, ideologia, pois todos as têm. Ou algum partido é mero coadjuvante? Quando a coligação é eleita todos têm o seu espaço. E qual é a ideologia de nossos agentes políticos atuais, no que diz respeito ao que é público, desenvolvimento, economia e sociedade?
Pela ingerência com que o empresariado local atua nas decisões politicas e administrativas arrisco uma resposta: os atotes políticos atuais mais esclarecidos – aqueles que comandam de verdade – são liberais. E devem ter se encontrado no Fórum da Liberdade em Porto Alegre. São pessoas adeptas do estado mínimo. Mas quando seus negócios vão mal adoram uma ajuda financeira pública, bancos estatais, agências de fomento, isenções municipais entre outras amenidades. Tipo Eike Batista: toma dinheiro emprestado do BNDES e depois faz de conta que investe em empresas, mas na prática compra títulos públicos do estado brasileiro. Negócio da China pela diferença de juros!
O liberal, às vezes enrustido, é aquele que quando não esta no governo esbraveja dizendo que falta vontade política, que não se cumpre as leis, etc. No entanto, quando é governo esquece o que disse e faz o contrário. Aquela máxima do tempo em que o Brasil era Império é sempre atual: “nada mais conservador do que um liberal no poder”. Aliás, nossos liberais amam o poder, porém negam esse sentimento. Na sua mão, o poder lhes provoca orgasmos. Suspeito que nossos gestores atuais sofram dessa paixão, mas se travestem para não demonstrá-la. Ficam em cima do muro. Nesse caso leis não são interessantes a não ser para os outros. Para os outros o peso da lei. Para nós o poder. Os donos do poder.