sexta-feira, 3 de maio de 2013


O 29 de abril

Eduardo Mattos Cardoso
Professor Mestre em História

            Em 24 de maio de 1986, no salão paroquial do distrito de Três Cachoeiras, então município de Torres, reuniram-se lideranças do distrito, com a finalidade de eleger a Comissão Emancipacionista do futuro município. Chegou-se a conclusão que a localidade possuía os requisitos necessários à criação de novo município. E por aclamação dos presentes, foi eleita a comissão que tinha os seguintes nomes: José Luiz Maggi, Ademar José Lumertz Borges, Davi Evaldt Hainzenreder, Eraclides Webber Bock, Antônio Moacir Lumertz, Antônio Bernardo da Luz, Ronaldo de Campos Fernandes, Tadeu Silva da Luz, Osvaldo Maggi, Alberi Bento Cardoso, Pedro José Lumertz, João Nicolau Krás e Rizzieri Frederico Delai.
            Segundo a ata dessa reunião, estavam presentes 118 pessoas, todos moradores da área a ser emancipada e com domicílio eleitoral na mesma. Seguiu-se o processo legal. No dia 20 de dezembro de 1987 ocorreu a consulta plebiscitária (plebiscito), que apontaria a vontade popular dos 4.091 inscritos aptos a votar. O resultado foi o seguinte: 2.720 votos SIM; 590 votos NÃO; 33 votos em BRANCO; 19 votos NULOS. No total, 3.362 eleitores votaram. Sendo assim, pela grande maioria dos votos, foi proclamado vencedor a manifestação popular a favor da criação do novo município correspondente à área da consulta plebiscitária.
            Precisaria mais um ano se passar. Num ato burocrático, decretado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, o Governador do Estado à época Pedro Simon, sancionou a Lei Nº 8.578, de 29 ABRIL DE 1988, que criava o Município de Três Cachoeiras. E o povo nesse dia onde estava? Nessa semana onde o município comemora sua emancipação política é conveniente lembrarmos as pessoas que contribuíram diretamente nesse processo, alguns já falecidos. E os anônimos, aqueles que não tiveram seus nomes inscritos em atas, documentos e outros registros? Caíram no esquecimento, nunca apareceram ou nunca foram lembrados?
            A história das “grandes personalidades”, dos grandes vultos e seus feitos é predominante, desde as aulas de história, passando pelos mais singelos escritos memorialistas locais até lembranças em cerimoniais. Mas será que os 3.362 votantes do plebiscito de 1987 estavam realmente a par do que estava acontecendo (e iria acontecer), já que na primeira reunião estavam presentes somente 118 pessoas? Fica aqui o registro de PARABÉNS ao nosso município pelos seus 25 anos. E que nos próximos 25 anos não se lembrem apenas das “grandes personalidades” locais.