quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Secretários e feriados




por Eduardo Mattos Cardoso

            Saiu a nominata de secretários do futuro governo municipal de Três Cachoeiras. São os novos secretários municipais a partir de 1º de janeiro de 2012, mas são velhos conhecidos. Desejamos sorte e grandes realizações. Entretanto, uma pergunta não quer calar: é possível esperar novidades e avanços de administradores que já estiveram com o poder no passado e tiveram desempenho duvidoso? É esperar pra ver já que são “costuras políticas”. O próximo prefeito poderia ser mais ousado assim como fez com seu novo corte de cabelo.
            Quanto à distorção entre interesse público e privado acertei na mosca. Os nomes apresentados são figuras conhecidas - historicamente falando - e a população conhece suas formas de agir e de ver o mundo. Explico: não basta, por exemplo, trabalhar com atendimento ao público em geral ou em qualquer setor e dizer que faz pelo coletivo se suas atitudes privilegiam o pessoal e o “o jeitinho”.
            Coincidentemente encontrei uma futura secretária no Departamento Médico do Estado do Rio Grande do Sul. Como é funcionária antiga deve estar com alguma moléstia que espero não ser grave e que se recupere bem da saúde e descanse bastante, para assumir o cargo no inicio do ano. Como estudei sobre banhos de mar em minha dissertação lhe recomendo a praia para se restituir. Outro caso é interessante: a esposa é eleita vice-prefeita e o marido é indicado para uma secretaria. Coisas de família ou de pessoas muito competentes, muito parecido com nepotismo, mas que na letra da lei não é ou pode ser? Que entrem os advogados de plantão.
            Para descansar, lembrar e refletir sobre público e privado temos mais um feriado nacional. Depois do 7 de setembro (Independência) é o mais importante do país, politicamente, enquanto República Federativa do Brasil, pois é o da Proclamação da República que ocorreu em 15 de novembro de 1889. Até então vivíamos numa Monarquia e Dom Pedro II foi nosso último Rei.
            Com o advento da República o Estado Brasileiro teve muitas mudanças no âmbito politico e social. Passamos a ter eleições para presidente. O Brasil passou a ser um Estado laico, ou seja, não tinha mais religião oficial que até então era a católica. Entre outras, uma mudança me intriga até hoje. O início da República tirou o registro “civil” da mão de padres e pastores e concedeu a entes privados. Antes com a monarquia padres e pastores registravam nascimentos, batismos, casamentos e mortes (entre outros registros sociais importantíssimos para a história brasileira). Veio a República e esse serviço público foi dado para particulares cuidarem e explorarem até hoje, atualmente com a prerrogativa de concurso para isso.
            Era um mau presságio. O que era para ser cada vez mais público, pois se inventava a República, já tomava caminhos privados. A privatização dos serviços públicos então começava no novo e tortuoso modelo politico nacional. Algumas distorções permanecem e são difíceis de mudar porque prevalece “jeitinho brasileiro” onde o pessoal ou particular predomina.