quinta-feira, 25 de setembro de 2014


A farra do combustível e a crença

Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


É mais fácil crer do que saber. O saber pode ter a ajuda da razão. A lapidação do saber produz a sabedoria. Em sentido contrário vem a crença. Crer faz parte do humano principalmente no que se refere à religião. Templos e igrejas são os lugares mais apropriados para crendice. A administração pública não.

Se for verdade ou não que tem alguém com má fé na farra do óleo diesel que a Prefeitura de Três Cachoeiras compra eu não sei. O que eu sei – e o que todo cidadão três-cachoeirense em sã consciência sabe - é que não apareceu ninguém para explicar a farra. Alguns fanáticos tentam. Isso é perigoso. Crença leva ao fanatismo de qualquer lado. Pode se transformar em rancor. E não faz bem ao coletivo.

O que sobra é o legislativo primar pela razão, pela lógica e ajudar a salvação. Aí a coisa piorou! Só dois situacionistas se arriscaram essa semana. Assistir ou ouvir seus discursos é quase um ato de fé. Sim, de crença. Eles não têm certeza de nada, por consequência devem não saber de nada também ou não querem admitir que sabem – coisa que para um fanático é impossível. Seus discursos parecem uma pregação: eu acredito nisso, eu acredito naquilo; temos que acreditar; aparece até o “vamos estar estando acreditanto...”. Deve ser para atrair fiéis em alguma seita que crê no “estar estando”.

Digerir crença e fanatismo demora. Isso contamina geral, de parentes à bajuladores. Como se não bastasse a farra do pagar mais caro pelo combustível, e defendido por esses vereadores como normais, vêm mais um golpe, mais uma bolsa crente fanático. A resposta do prefeito para explicar a gastança não veio. O que ele fez a partir da sua “espirituosidade jenial”? Manda um projeto de lei para a Câmara de Vereadores criando mais um cargo gratificado para cuidar das compras e/ou licitações. Dinheiro e crença estão sobrando.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 15 de agosto de 2014