quinta-feira, 25 de setembro de 2014


Contrabando de bolsa

Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Mais um projeto amigo passou pela Câmara de Vereadores de Três Cachoeiras. É a “bolsa empresário especulador”. Mais um daqueles “contrabandos” despercebidos que tramitam no subterrâneo de nosso legislativo sem quase ninguém saber. Tudo em nome do progresso com nome bonito de “alteração do plano diretor”.

No país das bolsas ocorrem adaptações. Em município rico mais ainda. Pobre não tem vez, só esmola. Quanto mais pobre melhor. Mais mão de obra barata e mente vazia. Rico é quem manda. Manda em prefeito e vereador. Patrocina campanha, mas depois tem crédito.

O cálculo é simples: a cada cinco terrenos de dez metros de largura o “empreendedor progressista” ganha um. Negócio da...; não é mais da China, é negócio da cachoeira. Evidentemente, a metragem menor não diminuirá o preço de um terreno. É a modernidade do bolso grande. É a logica da grandeza três-cachoeirense: diminui a dignidade, mas aumenta o lucro.

Nesse “contrabando legislativo” devem ter mais bolsas. De que marca não sei. O vereador Tigrinho, dito de situação, com coragem foi contra esse tipo de bolsa. E os ditos de oposição votaram a favor. Humm! Situação, oposição; oposição situação; estou confuso.

Definitivamente a atual estrutura pública municipal governa para ricos. Projetos desse tipo, que ajudam a especulação imobiliária, contribuem cada vez mais para aumentar as desigualdades sociais. Qual é a média salarial da maioria dos trabalhadores três-cachoeirenses? R$ 1.000,00 talvez, ou no máximo R$ 1.500,00! Quantos anos um assalariado vai precisar trabalhar e economizar muito para adquirir um lote de dez metros de largura pelo módico valor de R$ 50.000,00? E será que vão declarar o valor “total” na hora do recolhimento do ITBI?

Em tempo: em conversa com o prefeito Quartinho sobre obra de calçamento no Santo Anjo lhe indaguei sobre a fiscalização da mesma. Isso porque qualquer leigo observa que a obra é mal feita. A primeira chuva mais forte vai atestar. Depois é tarde. Não adianta lembrar só problemas anteriores e continuar fazendo o mesmo, ou seja, obra ruim. Aos moradores resta denunciar a má qualidade da construção já que nunca foram chamados para opinar como deveria ser.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 29 de agosto de 2014