quinta-feira, 25 de setembro de 2014


Sapo cururu

Eduardo Mattos Cardoso
eduardomattoscardoso@gmail.com


Os sapos estão de plantão em Três Cachoeiras. Pela chance que estão tendo querem participar do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Como tradicionalismo também foi inventado, por que não um anfíbio na tradição? Pelo menos no nome?

Conta-se pela cidade que está para aparecer um novo CTG. Ou algum já existente pode mudar de nome. Pode ser uma adaptação aos novos tempos. Vanguarda é importante. E oportunidade também.

Mas os sapos estão cururus. Nunca na história de Três Cachoeiras imaginavam que seu território estaria tão perto do progresso. E que fariam parte deste. Mas estão com dúvida sobre o que pode acontecer.

Essa inquietação se deve aos acontecimentos recentes. Cada vez mais não entendem nada. Antes da Invenção de Três Cachoeiras, ocorrida em 1º de janeiro de 2013, ouviam falar em inauguração de obra inacabada. Agora, em seu pleno território, assistiram a inauguração do vazio. Mas ficaram furiosos, pois vazio é onde não têm nada. Esqueceram que em banhado tem habitante.

Pelo que me lembro da última enchente, o “banhado do vazio” ficou quase todo cheio. Cheio de água. Minha ingenuidade aflorou: o que levou nosso patrãozinho municipal a fazer essa escolha?

Algumas alternativas são possíveis. Mas é difícil afirmar. Simples é enchergar que comprar banhado a “preço de ouro” é fácil. Até o Bode Zé consegue. E fazer casca de asfalto com financiamento a juros indecentes, até eu conseguiria. Mas não faria.

Fazer discurso para sapos, lunáticos e fanáticos na inauguração do “banhado do vazio” é moleza. O difícil é realização descente que mude significativamente a vida das pessoas para melhor. O que não aconteceu até agora. É entender o significado de competência, ética e moral. E ponto.

De resto, fazer xorôrô, falar em perseguição, entre outros truques fantasmagóricos é empulhação e desvio de foco. Depois de um ano e meio alguma coisa tem que aparecer. Mas isso é da lógica, do óbvio. Não é nenhuma novidade quando o dinheiro está sobrando.

Crônica publicada no jornal Fato em Foco do dia 01 de agosto de 2014